no lume das dunas
clara grave
com um leve travo amargo
entre as vogais
reconheço a tua voz
no tronco retorcido das árvores
simples
palavra a palavra dita
a tua voz é a floresta galeria
na terra vermelha do corpo.
(...)
Perdi as palavras
as dos poemas
e do silêncio
Paula Tavares, Manual para Amantes Desesperados, Lisboa: Caminho, 2007: 17, 30
(...)
sábia é a Criação:
escondeu uma estrela
no peito de um espantalho.
Adalberto Alves, No Vértice da Noite, Lisboa: Argusnauta, 2007:30
A Solidão
queres a alta solidão das estrelas e da flor?
deixa tudo e todos, segue o teu caminho,
escolhe a estrada de quem é sozinho,
não sejas mundano e despreza a dor.
A Verdade
a verdade? é sermos peões jogados
no xadrez de Alá, p'ra frente e para trás.
e depois acabarmos empurrados
para o cofre do Nada quando Lhe apraz.
O Futuro
sabes lá o que o futuro te vai dar!
sê, por isso, hoje feliz até mais não!
pega no copo, bebe, senta-te ao luar:
amanhã... talvez a lua te procure em vão.
poemas de Omar Khayyam recriados por Adalberto Alves, No Vértice da Noite, Lisboa: Argusnauta, 2007: 103, 104, 105
Sem comentários:
Enviar um comentário