domingo, abril 29, 2012
3 poemas de José Alberto Mar
A Lei e a Liberdade
Não entendo essa ausência de rigor
dissipando a morte
no fundo insípido dos dias.
Seja o que for que haja pelo menos uma vez
um olhar grandioso
sobre o grandioso mundo
que uma mão se liberte libertando a imagem
e seja pássaro, ideia ou nuvem
ou apenas
um íntimo segredo abraçado à vida.
***
4
Cai sobre um rosto toda a luz de um dia.
E o rosto é um templo de máscaras
com a idade do mundo.
Nenhuma memória ou esquecimento separa o desejo
dessa luz primeira
que por dentro transforma os olhos
e é para estes que nos voltamos conquistados
sabendo que das máscaras inventadas
todas as sombras nos cativam
todas as sombras nos desmentem.
****
6.
Há lugares onde os silêncios são
outras palavras
mais perto dos simples segredos
do mundo. São lugares como rostos
suspensos por uma leveza nos olhares
e unidos ao sangue universal das vozes
distraidamente esquecidos no fim dos dicionários
por um talento feito de procura e êxtase.
José Alberto Mar, As Mãos e as Margens, Porto: Limiar, 1991, p.17, 38, 40
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário