Ontem à tarde adormeci pela primeira vez um bebé, o meu primo Rafael, de dois anos. Ficou em minha casa e a minha Mãe ia adormecê-lo, mas ele quis-me a mim. Claro que estava à espera de escapar, mas não lhe dei hipótese: li um bocadinho do Carocho-Pirilampo, embalei-o, brincou com o meu miau que tem patas de íman e, após algumas resmungadelas, lá ficou a dormir. Mas o acto de o adormecer lembrou-me uma outra pessoa, com quem dormi algumas vezes, porque me surpreendi a fazer coisas que lhe fazia. Cócegas leves no pescoço (com a mesma reacção: «Não» retumbante e aflito, mas engraçado, e um encolher rápido e coberto pela cabeça). E quando me fazem festas na cara atiro-me para morder, na brincadeira, felinamente (ou será mais serpentesmente?). Surgiu-me então a dúvida de saber se estas coisas eram minhas, se as aprendi com essa pessoa. Mas depois descobri que eram minhas porque as descobrira em mim com essa pessoa e agora podia repeti-las com outras, mesmo que noutras situações e graus.
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