sexta-feira, maio 28, 2010

A Neve

depois da chuva, a neve. em pleno mês de Maio :)
esta noite, enquanto há feira romana (à qual voltarei), recriando contos de Vergílio Ferreira, a saber: «O Encontro», «A Palavra Mágica», «A Fonte», «A Galinha» e «A Estrela». espectáculo pelo Teatro das Beiras, no sítio do costume.

terça-feira, maio 25, 2010

quinta-feira, maio 20, 2010

palavras


As reflexões sobre estes e outros temas/motivos aparecem por vezes eivadas de «lugares-comuns» e caracterizadas como «óbvias» - mas o que é «lugar-comum» e o que é «óbvio» depende tão-só de quem lê e da sua experiência de leitura do mundo. Por vezes, também o «óbvio» tem de ser evidenciado, e quantas vezes não será ele encarado como «óbvnio»? Também o amor, ao de leve, a felicidade, o tempo são temas que vão surgindo. Mas o tema principal, ou o que mais interessa ao narrador, é o da criação artística, associado à leitura. A leitura como salvação e evasão, a escrita como entretenimento (de si, para os outros), como catarse - «A minha vida está cheia de erros que me levam à escrita. Sou dependente das palavras para colmatar um vazio lúcido que me habita» (PAIVA, 2010, p.131), como compromisso, como libertação.


Mas Penélope é ainda uma presença ausente, feita de subtilezas, de retiros, de silêncios. Ela tem um lugar só seu onde se recolhe e se protege de todos, [...]. Parece isolar-se cada vez mais em si mesma ao longo dos anos, não se interessando com o que os homens vão fazendo na sua casa: delapidando a sua fortuna e dormindo com as servas. É quase vagueante, discreta, despojada, reduzida ao essencial, remetida ao seu interior, quase se destruindo perante a contemplação de uma felicidade que já teve e que está agora ausente da sua vida.

terça-feira, maio 18, 2010

sem título

É agora que dizemos os últimos tempos
habituados que estamos a calendários
onde os dias se passam na lentidão da noite
na rapidez trabalhosa das tardes.
Talvez de manhã entre a solidão e a morte
possamos ver-nos inteiros e divididos
do nosso destino de notas comuns
de mão puxando com a outra mão a outra mão
que se desampara entre os números
onde vamos marcando o dia o seguinte
em contínuo antecipar e retomar do tecido
onde nos construímos mão na mão.
É agora que abrimos os pulsos ao vento
para com o seu sangue sabermos de nós
num futuro que se ligará a hoje para sempre.
É agora o tempo de dizermos o interdito
o caroço do pêssego a constituição do gesso
as palavras nele gravadas a cinzel.
Se nos perdemos foi do tempo de chuva
que erodiu os gestos, afogou as palavras.
Que nunca o tempo por ti passe assim
com sua raiz alicerçada na morte e no medo.
Os dias que poderiam ter sido nossos
Sê-lo-ão de leve nas páginas escritas
Mesmo que inventadas pelo imenso tempo
Que - de repente - se abre entre nós.

de Livro das Suspeições

terça-feira, maio 11, 2010

para quem vê


Dizem que de fora se vêem melhor as coisas. Parece que sim. Ou pelo menos os que vivem um pouco mais fora da minha vida viram. É que por vezes torna-se-me difícil disfarçar. Alunos do oitavo ano perguntaram-me se estava doente. Um colega de Português um pouco mais distante preocupou-se e questionou-me se estava tudo bem, e uma outra, da mesma área, se eu tinha dormido bem. Mas aqueles que realmente importam não notam, não se interessam ou não questionam. E ainda bem, porque não gostaria de falar-lhes de vida e morte, estadias e partidas, viagens eternas. Até porque as certezas são tudo o que não tenho.


Estou doente, sim, mas isto passa. E tenho dormido muito bem, estranhamente. Acho que é já uma certa aceitação. Valham-nos os girassóis. Porquê? Não sei, mas são bonitos e gosto de vê-los. Ou talvez porque ver de frente o sol nos cega - embora eu já tenha perdido as pretensões a ser o sol de quem quer que seja.

segunda-feira, maio 10, 2010

Procura-se



companhia da peça de ontem no Theatro Circo, trilogia José Rubem Fonseca.



Tem altura, ficou ao meu lado e pareceu-me bem interessante :)




p.s. - no único momento interactivo da peça, uma personagem pergunta-me, sim - a mim, se não concordava com ele sobre as virtudes e benefícios da masturbação. Eu concordei, pois claro ;)

sábado, maio 08, 2010

súbita audição do eu 6 (final)

«My shadow's the only one that walks beside me
My shallow heart's the only thing that's beating
Sometimes I wish someone out there will find me
'Til then I walk alone»

Green Day, «Boulevard of broken dreams»

«There are many things that I would like to say to you
But I don't know how»

Oasis, «Wonderwall»

quinta-feira, maio 06, 2010

súbita audição do eu 5

But I just feel too tired
To be fighting
Guess I'm not the fighting kind

Where will I meet my fate?
Baby I'm a man, I was born to hate
And when will I meet my end?
In a better time you could be my friend

Keane, «A Bad Dream»

terça-feira, maio 04, 2010

Súbita audição do eu 4

«And you already know
Yet you already know
How this will end»

Devotchka, «How it ends»

segunda-feira, maio 03, 2010

dois selos e um carimbo ____ ou ____ Deolinda

Novo disco dos Deolinda. E é lindo - pois do que se esperava? «Um Contra o Outros» é o cartão de visita, embora já se conheçam dos concertos as canções «Quando Janto em Restaurantes» e «Entre Alvalade e as Portas de Benfica» - duas das minhas favoritas, com a outra. Mas gosto de todas, sem excepção. Destaque ainda para «A Problemática Colocação de um Mastro», genial no género «Movimento» com uns traços de música de marcha popular, «Passou por mim e sorriu» ou «Fado Notário» (fala-se me focinho, vale a pena)... «Entre Alvalade e as Portas de Benfica» é a que para já mais me «obriga» a carregar no play. Fica o vídeo original, as outras músicas facilmente se encontram no sítio do costume. Ou à venda - as ilustrações de João Fazenda também convencem :)