segunda-feira, abril 30, 2012

Desafio 12:4

Depois de uma extraordinária viagem por Roma e por Veneza, houve momentos para algumas coisitas. Destaque para a leitura das obras que me faltava ler do Ondjaki, que adorei, o Titanic 3D (não sei quantos depois!) e para o The Walking Dead!


Livros:
34. Crimes Exemplares, Max Aub, Antígona, 144p.*****
35. Momentos de Aqui, Ondjaki, Caminho, 144p.****
36. O Assobiador, Ondjaki, Caminho, 132p.*****
37. E se Amanhã o Medo, Ondjaki, Caminho, 104p.****
38. Os da Minha Rua, Ondjaki, Caminho, 128p.****(*)
39. AvóDezanove e o Segredo do Soviético, Ondjaki, Caminho, 200p.*****
40. A Bicicleta que Tinha Bigodes, Ondjaki, Caminho, 86p.*****
41. Viagem com Quino e Mafalda, Quino, Teorema, 112p.*****
42. As Mãos e as Margens, José Alberto Mar, Limiar, 48p.***
43. Poesia, Cristovam Pavia, D. Quixote, 284p.****

Filmes:
85. Synecdoche New York, Charlie Kaufman****
86. Oss 117: Le Caire, Nid d'Espions, Michel Hazanavicius****
87. Oss 117: Rio ne Répond, Michel Hazanavicius****(*)
88. Paul Blart: Mall Cop, Steve Carr***
89. Titanic 3D, James Cameron*****
90. Shame, Steve McQueen**
91. Lat den ratte komma in, Tomas Alfredson***(*)
92. Ink, Jamie Winans****
93. Imago Mortis, Stefano Bessoni****
94. Heartless, Philip Ridley***(*)


Outros:

17.ª Mostra da Escola da Dança do Centro Municipal de Vila do Conde - muito bom, com coreografias e desempenhos muito variados, com músicas bonitas e inspiradas (incluindo o meu adorado Anton Sanko), fotografias, textos e luzes a condizer. Gostei, mais do que das francesinhas logo a seguir :)

The Walking Dead - marcou o mês de uma forma inegável. As conversas com os alunos em que eu adivinhava sempre o que vinha a seguir, o chegar a casa e ver três ou quatro episódios seguidos, a locura de dezanove episódios em cinco dias... com Andrew Lincoln, Jon Bernthal e Sarah Wayne Callies, nos principais papéis, as duas primeiras temporadas prenderam-me, apesar de alguma previsibilidade e, até, momentos de «Zeus, a sério?», compensados com outros muito bons, como Sofia saindo do celeiro, o «walker» no poço, enfim... Venham mais episódios!

Dona Pura e os Camaradas de Abril - produção do Teatro das Beiras e do Teatro do Trigo Limpo/teatro Acert, no Theatro Circo, numa adaptação do romance homónimo de Germano Almeida. Gostei muito de quase tudo - é teatro, e pouco mais há a dizer.

Falar Verdade a Mentir - de Almeida Garrett, da companhia Arte D'Encantar. Tenho de concordar com os alunos: um pouco exagerado e infantil, em alguns momentos. Mas bem!

domingo, abril 29, 2012

5 poemas de Cristovam Pavia




«Violiniste Bleu» (pormenor), Chagall

Poema(de uma fotografia de meu Pai comigo,
pequeno de meses, ao colo)


Vamos através do incêndio
Mas não temas, meu filho,
Podes dormir nos meus braços frescos e fortes,
Embala-te a cadência dos meus passos.

Vamos através do incêndio
E sonhas.
Detrás das tuas pálpebras a tarde
Beija e doira as folhas dos sobreiros.

E quase me esqueço
Deste puro fogo,
P'ra te dar frescura.
Arde o meu sangue calmo.
E o meu suor, arde.

E, devagar,
Vamos através do incêndio.

Dorme, meu filho.
***

O poema que hei-de escrever para ti, dando notícias
Do último reduto das coisas, das profundidades intactas,
Nasce, adormece e referve-me no sangue
Com a íntima lentidão dos teus seios desabrochando,
Porque, sei, não estás longe (nem da minha vida!), meu mistério fiel.
Hoje a nossa companhia é a tua inconsciência e o teu instinto: puro
Instinto que eu, de longe, embalo e velo
E acordará («em frente!») às primeiras palavras
Do poema, quando ele despontar.
****

Pequeno Poema

Em ti amadurece a vida como um vinho
Obscuro e raro...

Que mais queres?

*****

Que cada palavra trema dizendo
O que não pode ser dito.
E seja a poesia um violino de silêncio
Infinito.

E tu, poeta: vagabundo e despido,
Desprende-te do resto e deixa-os declamar
As vãs frases humanas. Não as ouças,
Vagabundo que passas cantando.

******

Construo a poesia como uma casa
Sem pressa e apenas com a pedra
Alheia. Duramente a construo.
Os meus versos ominados e compactos
Ligo-os com barro cor de sangue,
Amasso-os na água, mais pura do que as lágrimas.
Se comovo, é comoção não minha.
Se os meus versos são inúteis,
É inútil todo o trabalho.


Cristovam Pavia, Poesia, Lisboa: D. Quixote, 2010, p.33, 47, 143, 146, 172

3 poemas de José Alberto Mar



A Lei e a Liberdade

Não entendo essa ausência de rigor
dissipando a morte
no fundo insípido dos dias.

Seja o que for que haja pelo menos uma vez
um olhar grandioso
sobre o grandioso mundo
que uma mão se liberte libertando a imagem
e seja pássaro, ideia ou nuvem
ou apenas
um íntimo segredo abraçado à vida.

***

4

Cai sobre um rosto toda a luz de um dia.
E o rosto é um templo de máscaras
com a idade do mundo.

Nenhuma memória ou esquecimento separa o desejo
dessa luz primeira
que por dentro transforma os olhos
e é para estes que nos voltamos conquistados
sabendo que das máscaras inventadas
todas as sombras nos cativam
todas as sombras nos desmentem.

****

6.

Há lugares onde os silêncios são
outras palavras
mais perto dos simples segredos
do mundo. São lugares como rostos
suspensos por uma leveza nos olhares
e unidos ao sangue universal das vozes
distraidamente esquecidos no fim dos dicionários
por um talento feito de procura e êxtase.

José Alberto Mar, As Mãos e as Margens, Porto: Limiar, 1991, p.17, 38, 40

sábado, abril 14, 2012

Millôr Fernandes (1923-2012)

Dele li apenas Pif-Paf, um conjunto de textos publicados em jornais. E tanto recomendo (encontra-se nas estações de comboios, em edição de O Independente). Texto de autoapresentação aqui. Ficam aí umas pérolas:

«Quem não tem lenço se despede menos.»

«Errar é humano. Ser apanhado em flagrante é burrice.»

«Em geral as pessoas que se perdem em pensamentos é porque não conhecem muito bem esse território.»

«Amigo, jamais procure ler nas entrelinhas. Sobretudo se um trem vem vindo.»

«Ser génio não é difícil. Difícil é encontrar quem reconheça isso.»

«Uma mulher perdida não passa de uma mulher muito encontrada.»

«O egoísta não é um mau. É um bom que começa por querer bem, acima de tudo, a si mesmo.»

«Para bom entendedor meia palavra basta, não é imbe...?»

«Errar é humano. Botar a culpa nos outros também.»

«Suicidou-se porque não tinha onde cair morto.»

...



Da outra perda, A. Tabucchi, fica este texto inspirado, como de costume.

Tonino Guerra (1920-2012)

Já tinha andado por , regresso a ele, em tempos de despedida - e em atraso, porque andava mesmo alheado do mundo dos acontecimentos. Em jeito de homenagem e apreço: 


A Cerejeira em Flor

O camponês afeiçoou-se a uma cerejeira desde que sua mulher faleceu. Todas as manhãs a visitava, afagando seu tronco. No mês em que o camponês esteve de cama, com bronquite, também a cerejeira adoeceu. Depois levantou-se e voltou a acariciá-la e a falar-lhe e, rapidamente, a cerejeira de mil folhas enfeitou seus ramos.
Um dia, no mercado, ao comprar uma foice, o camponês sentiu um irresistível desejo de regressar aos seus campos. Parecia-lhe que a cerejeira precisava de si. Encontrou-a toda florida, sorrindo para ele.
Sentou-se, então, sob a árvore, com as costas apoiadas no tronco e, de improviso, sobre o corpo do camponês, choveram todas as pétalas da cerejeira em flor.

Histórias para uma Noite de Calmaria, de Tonino Guerra, trad. de Mário Rui de Oliveira, Assírio & Alvim: 2002

domingo, abril 01, 2012

Desafio 12: 3

Livros:

23. Obra Poética, Federico García Lorca, Relógio D’Água, 694p.****
24. Se eu fosse um Livro, José Jorge Letria e André Letria, Pato Lógico, 60p.*****
25. No Vórtice da Noite, Adalberto Alves, Argusnauta, 128p.***
26. O Jardim das Delícias, Fernando Pinheiro, Calígrafo, 128p.***
27. Contos Gregos, António Sérgio, Sá da Costa, 64p.****
28. Purosexo.com, Dennis Cooper, Bico de Pena, 208p.**
29. Uma Aventura no Sítio Errado, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, Caminho, 180p.***
30. Senilidade, Italo Svevo, Público/Mil Folhas, 192p.***(*)
31. Manual para Amantes Desesperados, Paula Tavares, Caminho, 38p.****
32. A Roma Antiga e o Império Romano, Michael Kerrigan, Livros e Livros/BBC, 96p.****
33. Arte Greco-Romana, Susanna Sarti, Scala, 256p.*****

Filmes:

59. The Girl with the Dragon Tattoo, David Fincher****
60. The Iron Lady, Phyllida Lloyd***(*)
61. Ricky, François Ozon***(*)
62. 50/50, Jonathan Levine*****
63. Kung Fu Panda 2, Jennifer Yuh***(*)
64. Anonymous, Roland Emmerich***(*)
65. Blacklight, Fernando Fragata***(*)
66. The Jane Austen Book Club, Robin Swicord***(*)
67. Bridesmaids, Paul Feig****
68. Barry Lyndon, Stanley Kubrick****
69. A Dangerous Method, David Cronenberg***
70. The Adventures of Tintin, Steven Spielberg****(*)
71. Chico e Rita, Fernando Trueba (...)***(*)
72. The Fall, Tarsen Singh****(*)
73. The Grey, Joe Carnahan**(*)
74. My Week With Marilyn, Simon Curtis*****
75. J. Edgar, Clint Eastwood***(*)
76. Testosterone, David Moreton***
77. Main Street, John Doyle***
78. Stolen Lives, Anders Anderson****
79. Albert Nobbs, Rodrigo García***(*)
80. Delicatessen, Jean-Pierre Jeunet*****
81. Cars, John Lasseter, Joe Ranft****
82. Transporter 3, Olivier Megaton***
83. Tristam Shandy: A Cock and Bull Story, Michael Winterbottom****(*)
84. La Dolce Vita, Federico Fellini****

Outros:
Março foi mês para concertos diferenciados, como o da Banda de la Escuela Municipal de Música de Medina del Campo, a fim de marcar a geminação entre Braga e Medina del Campo em torno das celebrações pascais, o de Os Capitães da Areia, na FNAC, enquanto estava a ver livros e tal, depois parei lá um pouco a ver a atuação, e o genial concerto, no Theatro Circo, de Marco Rodrigues e de Mafalda Arnauth (primeiro ele, depois ela, depois ambos juntos):




Algumas exposições, também. Primeiro, com a minha irmã, fui a Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste?, sobre Anne Frank, no Seminário de Nossa Senhora da Conceição, recriando o espaço de um campo de concentração para, através de painéis, contar a história e o testemunho do Holocausto. Vi ainda O Mundo dos Dinossauros, no Porto, com minha irmã, Milai, Áurea e Ricardo, que nos pareceu um pouco... ridícula... Por fim, Ele vai passar por ti! Olha-O!, uma exposição dos alunos de artes do colégio, na Casa dos Crivos, com fotografia e pintura sobre a Páscoa - muito boa!
Nas séries, vi episódios soltos de  Big Time Rush, uma série juvenil engraçadinha, mas é só isso, engraçadinha. E vi, de enfiada, entusiasmado, mas por vezes a pensar «porquê???», Downton Abbey, de que gostei bastante, não fossem algumas situações excessivas, aparecimentos sem consequências a não ser tornar a série mais longa, como se a ideia inicial de ser uma minissérie não fosse afinal válida. Mas, ainda assim, vale muito a pena!