terça-feira, setembro 28, 2010

Desafio em Setembro


(em dia de receber Livro, de José Luís Peixoto, das mãos da Marta)

E bem, primeiro mês de trabalho com nova carga horária. E custa, pois claro, e ainda vai ficar pior. Mas a verdade é que, contrariamente às previsões, lá me tenho aguentado a nível de desafios culturais. Consegui ir a Santiago (com a Marta-Mim e a Simona, seguido dos livros 93 e 94), fui ao teatro, e adorei o espectáculo com Ana Bustorff, e a um musical pop com textos de valter hugo mãe, mas outras coisas ficaram pelo caminho - sobretudo o meu curso de Galego, que queria mesmo frequentar... 11 livros, pequenos, sim, mas muito bons, quase todos. Mia Couto (92) em textos circunstanciais que não deixam de ser muito bonitos, finalmente o Bartleby (95 - esperava mais, sim, mas assim mesmo é qualquer coisa) e outros clássicos como a famosa casa trágica (97), a preciosidade azarada da procura de uma vida melhor (100) e a Amazónia eivada de literatura (101). Ainda tempo para o alternativo, embora com diferentes resultados (98 e 99). Tempo ainda para continuar com os filmes (ainda falta um pouco para atingir os 183) e para The Tudors - genial.



livros:

91. F. de Fiama, Fiama Hasse Pais Brandão, Teorema, 100p.***
92. Pensageiro Frequente, Mia Couto, Caminho, 136p.*****
93. Leyendas del Camino de Santiago, Los Cadernos de Urogallo, 60p.****
94. El Camino de Santiago, Los Cadernos de Urogallo, 44p.***
95. Bartleby Escrita da Potência, Giorgio Agamben (inclui Bartleby, O Escrivão, Melville), Assírio & Alvim, 120p.****
96. Novas Histórias ao Telefone, Gianni Rodari, Teorema, 96p.****
97. A Casa de Bernarda Alba, Federico García Lorca, Europa-América, 144p.****
98. Maurice, E. M. Forster, Cotovia, 288p.****
99. Heliogabalo, Antonin Artaud, Assírio & Alvim, 150p.***
100. A Pérola, John Steinbeck, Europa-América, 124p.*****
101. O Velho que Lia Romances de Amor, Luis Sepúlveda, Porto Editora, 128p.*****



filmes:

152. An Education, Lone Scherfig*****
153. Inglorious Basterds, Quentin Tarantino***
154. Casablanca, Michael Curtiz****
155. 3x3 e Momentos, Nuno Rocha****
156. The Ugly True, Robert Luketic****
157. Killers, Robert Luketic***
158. Spread, David Mackenzie**
159. Lesbian Vampire Killers, Phil Claydon****
160. Shrek Forever After, Mike Mitchell***
161. Invictus, Clint Eastwood****
162. Robin Hood, Ridley Scott***
163. The Ghost Writer, Roman Polanski***
164. Tempestade Tropical, Ben Stiller***
165. A Papisa Joana, Sonki Wortmann****
166. George e o Dragão, Tom Reeve***
167. Velvet Goldmine, Todd Haynes****



outros:

The Tudors, temporadas três e quatro, em dois dias de descanso, sem conseguir parar - 18 episódios grandinhos! Obrigado S. por me passares estes episódios que faltavam e, sim, podes agradecer ter-ta apresentado há um ano. Ficam-me personagens interessantes com as desempenhadas por Henry Cavill, Jeremy Northan, Jonathan Rhys Meyers, Emmanuel Leconte, Jamie Thomas King, Natalie Dormer, Maria Doyle Kennedy, Joss Stone, Annabele Wallis, Joely Richardson, entre outras. Muito sangue e morte, sexo, mentiras e conspirações, religião, amor e opulência.*****

E pronto, também continuei a ver Anatomia de Grey, Sobrenatural e Chuck.

segunda-feira, setembro 27, 2010

Gosto. Não Gosto. (versão professor)

Gosto de livros - filas e pilhas deles nas estantes, no chão, nos sofás. Não gosto de certos livros, aqueles que ainda não pude comprar. Gosto de ir para o descampado apanhar amoras, antecipando o gozo de as comer frescas. Gosto de fruta, não gosto do pó. Gosto das pessoas que gostam de fruta, mas não de a descascar, embora descascar pessoas seja interessante. Gosto de gatos, das suas almofadas nas patas e seu dorso de veludo. Não gosto de cães, sua aspereza e língua que acompanha o latir. Gosto de ajudar, de ser útil. Gosto de procrastinar. Gosto das manhãs claras e cheias, das noites com estrelas onde me vejo em inicial, não gosto das tardes inúteis. Gosto de teatro, de filmes e de música que mexe com as emoções. Não gosto de perder tempo. Gosto de bibliotecas e de jardins. Não gosto de cozinhar nem mesmo de comer. Gosto de falar do que é importante e do que não interessa aos outros, mas há-de interessar. Não gosto de demagogia e de manipulação. Gosto de palavrar e de inventar códigos. Não gosto de moluscos nem de marisco. Não gosto de futebol porque é o desporto-rei. Gosto de remar contra a maré só porque sim. Gosto da diferença. Gosto de Maio e da sua poesia. Gosto do cheiro dos livros, dos cravos. Gosto de coisas velhas ao lado de coisas novas. Não gosto de pessoas ocas e medíocres. Gosto de Santiago de Compostela e do Porto como de mim. Não gosto dos três F de Portugal - só de certo Fado. Gosto de Deolinda e de Ana Moura. Gosto de certa Lisboa. Gosto de água, de batidos, de chá a toda a hora. Gosto de Sophia, de Sena, de Pessoa, de Saramago e de tantos outros. Gosto do gel de banho de flor de laranjeira e do champô de mel e karité. Não gosto de sair obrigado, de multidões e de gente sem os meus interesses. Gosto de aprender. Gosto do dúbio, do nebuloso, mas também da exactidão da expressão. Gosto de beijar. Não gosto de fazer compras, mas adoro as feiras do livro. Gosto de férias, do Verão, do calor cheio. Gosto de rio e de praia e de comer churros à beira deles. Gosto de concepções disfóricas e distopias. Gosto de gostar, mas às vezes cansa - gostar todos os dias cansa. Gosto de ler nos fins de tarde da minha terra com vista para o Marão. Gosto de fazer de conta que escrevo alguma coisa que valha a pena ler. Gosto de chocolate e do leite-creme da minha mãe. Gosto de comboio e do rio Douro. Gosto da minha família e dos meus amigos. Gosto de chuva e de trovoada. Gosto mais de gostar do que de não gostar...

Delírio sentimental à hora do almoço como se fosse crepúsculo


(com pôr-do-sol em Poiares com vista para o Marão)

Amo-te, porque todos os dias te vejo na ausência. Na indiferença.......... Porque o ser é o antes. E porque já não espero, porque a solução é fugir. Agora os dias são mais lentos e imaginar não comanda. Saber-nos é chegar ao fim. Sair é deixar-me aqui perdido e deixar que fiques incólume, até que um dia nada mais sejas que uma recordação difusa, mas doce. Nesse dia, não serei eu.................................. Depois, de súbito, as mãos, que nunca se deram, dir-se-ão adeus. Definitivo é o encontro. A morte traz o som, a regra................... o labirinto. Saudade é não saber o que o futuro nos reserva do passado. De resto, basta.................................... Nada do que possa agora ser dito fará diferença. Muito o foi já. E silenciado. Tanto ficou por escrever que o esforço seria mais tanto. Encontrar o comum é agora impossível duplamente. Que a verdade seja una e o sentimento vário e vasto..............................................................................


quarta-feira, setembro 22, 2010

Gosto. Não gosto.

Foi uma maneira diferente de começar este ano. Cada aluno escrevia caoticamente do que gostava e do que não gostava em frases sucessivas, sem lógica interna a não ser o fluxo do pensamento. Surgiram coisas bonitas. Eu escrevi também, na turma do 9.º D. Mas uma frase surgiu no 10.º E: «Não gosto de ser a palavra que não lês». Exploraram-se sentidos, criaram-se novas em decalque. Vão recolher-se para fazer um texto para pôr aqui.


Escrevi muita coisa, claro. Mas nem é isso que interessa, até porque já foi há duas semanas. Mas gostei hoje de ler uma sms com qualquer coisa como «Queres ir a Paris nas férias do Carnaval?». A resposta foi mais do que positiva, se assim se pode dizer. Tudo está já em preparação! Gosto de pessoas com iniciativa e que me incluem :)


"We'll always have Paris", ou não:

sexta-feira, setembro 17, 2010

Não resisto...

... 100 gatos em anúncio do IKEA. Visto aqui, mas tinha de pôr cá, e sem grandes comentários, que quem me sabe já percebe a euforia. quem não percebe, senti-la-á:

Livros e Origami: uma mistura que me parece bem

segunda-feira, setembro 06, 2010

2 poemas de Fiama Hasse Pais Brandão

Parte da Cidade com Sol

Na parte da cidade
iluminada
diz-se que é sol
que sobre si
tomba
no solo

A linha que reparte
uma cidade
é muda
Com a mesma arte
ela a divide
e une

****


ER

Por fora do coração voa a asa
negra do melro. O mesmo que
vive na minha vida. O que tem
um assobio tranquilo e eterno.
Segue-me com o seu amor ocul
to. Une o olhar do solo raso
ao olhar sobre a altura. Muda
e depois é igual. Por vezes ve
mo-nos nas brenhas junto ao mar.
Noutro tempo foi numa aresta verde.

Vem da viagem de Ulisses. Um
cantor. Nas figueiras de Ogygia
cantando. Sobre um fio da er
va. Oiço-o com a mesma penetra
ção com que já foi ouvido na
Natureza. Por Er. Além os
pequenos pardais negam-no.
Não os contemplo. Todos os anos
estou atenta. Este poema
afirma e recorda. Esta ave
chama por mim como eu.

Fiama Hasse Pais Brandão, F de Fiama, Lx: Teorema, p.10, 92

Santiago de Compostela

amanhã, outra vez, em Santiago, como esperado.
Saltinho para comprar doces, postais e, sobretudo, ver.
Rápido, porque interessa apoiar a MIM :)