segunda-feira, setembro 26, 2011

Desafio: 09

com o aproximar do fim do ano, a passos largos, os desafios realinham-se. de repente, 150 livros num ano parece-me possivel (mesmo que tenham de ser um pouco mais pequenos) e 300 filmes também. muito pela frente, pois claro, mas no bom caminho. será um ano muito cheio e de números irrepetíveis. e será bom!
regresso a Mário de Carvalho e a Pedro Eiras, senhores de quem gosto muitíssimo, descoberta mais profunda de José Cardoso Pires e a descoberta prática de Rui Sousa Basto (livro belíssimo verbal e iconicamente), Jack London  e José Mauro de Vasconcelos (e seu livro que me fez chorar muitas vezes... ). nos filmes, muitos filmes bons, com destaque para o cinema proveniente de muitos sítios que não os EUA, para variar :)
houve ainda tempo para o teatro, com a F, no Theatro Circo. Jardim foi a proposta da Companhia de Teatro de Braga - sobre Inês, Pedro, Constança, com uma parafrenália de sons, objetos, multimédia e outros que levaram à exaustão e pouca resistência aqui do espetador...


livros:

95. O Homem do Turbante Verde, Mário de Carvalho, Caminho, 190p.****(*)
96. Jogos de Azar, José Cardoso Pires, Planeta deAgostini, 246p.***
97. O Delfim, José Cardoso Pires, Visão/JL/D. Quixote, 190.*****
98. Balada da Praia dos Cães, José Cardoso Pires, Público/Mil Folhas, 254p.***
99. A República dos Corvos, José Cardoso Pires, Bis/Leya, 160p.*****
100. Contos do Efémero, Rui Sousa Basto, Opera Omnia, 72p.*****
101. Nos Joelhos do Silêncio, Heliodoro Baptista, Caminho, 96p.***
102. Reflexões sobre o Sr. Pessoa, John Wain, 56p.****
103. Meu Pé de Laranja Lima, José Mauro de Vasconcelos, Dinapress, 196p.*****
104. A Peste Escarlate, Jack London, Quasi, 96p.***
105. O Apelo da Selva, Jack London, Vega, 104p.*****
106. Fractura, Eduardo Pitta, Angelus Novus, 40p.***
107. Aforismo de aforismos, Vicente Sanches, Cotovia, 58p.***
108. Quinto Império ou A Musa da Casa de Sêr, Vicente Sanches, Cotovia, 104p.*****
109. Os Três Desejos de Octávio C., Pedro Eiras, Relógio D’Água, 176p.*****
110. A Fera na Selva, Henry James, Quasi, 94p.***

filmes:

178. Thor, Kenneth Branagh****
179. Little Deaths, Sean Hogan et alii**
180. Haevnen, Susanne Bier*****
181. Watchmen, Zack Snyder*****
182. The Beaver, Jodie Foster*****
183. The Tempest, Julei Taymor***
184. Tangled, Nathan Greno e Byron Howard****(*)
185. London Boulevard, William Monahan***(*)
186. Vidocq, Pitof****
187. Death in Love, Boaz Yakin***
188. Shaum of the Dead, Edgar Wright*****
189. The Deep End, Scott McGehee e David Siegel****
190. TrolljegerenAndré Øvredal***
191. Your Higness, David Gordon Green****(*)
192. Animals United/Konferenz der Tiere, Reinhard Kloos e Holger Tappe****(*)
193. Uninhabited, Bill Bennett****
194. Sykt Lykkelig, Anne Sewitsky****(*)
195. The Tree, Julie Bertucelli*****
196. Como Desenhar um Círculo Perfeito, Marco Martins***(*)
197. The Presence, Tom Provost***
198. After the Waterfall, Simone Horrocks****
199. Good Night, and Good Luck, George Clooney****(*)
200. The Way, Emilio Estevez*****
201. Kynodontas, Giorgos Lanthimos***
202. It's Kind of a Funny Story, Anna Boden e Ryan Fleck*****
203. Submarine, Richard Ayoade*****
204. Dylan Dog, Kevin Munroe***
205. The Ward, John Carpenter***(*)
206. Gnomeo and Juliet, Kelly Asbury*****
207. Arn - Tempelriddaren, Peter Flinth****

súbita melancolia


«Blood», The Middle East



«Quiet Times», Dido

sábado, setembro 24, 2011

2 poemas de Heliodoro Baptista




Ao Futuro

Saberás um dia que o amor nunca
nasce, nunca deve. O amor é,
sempre foi, sempre esteve.

Rigorosamente contemporâneo
da explosão cósmica
que, contam, declinou ao princípio
do escuro e da luz.
Seguiu-se o espontâneo ciclo
das épocas, das glaciares estações.
Os continentes são da mesma raça.
Os homens do mesmo barro.

Saberás que, para haver história,
os homens mataram e morreram,
morreram e mataram.
Explicaram, em orgias de palavras,
onde nada havia para explicar,
porque tudo se intuía,
o princípio foi só um
e a vida ligou-se à vida.

Saberás
que o amor é tudo
e o tudo nunca foi cognoscível.
Como o nada.

Nunca aceites ser mártir.
Ama o teu presente e o futuro
e, por certas tardes de sábado,
de olhos porventura humedecidos,
limpa docemente a minha tumba.
(Ou, por outra, deposita
as minhas cinzas na caixa
de sândalo: nosso diálogo
terá o sopro indistinto de Apolo
e o mágico da harmonia sem lágrimas!)


****

Thandi

escrevemos na pele:
a morte não existe
porque já dormimos sobre ela;

se se passa alguma coisa? não, meu amor;
ou seja, passa-se absolutamente tudo!
e o tudo é o pão
que nunca houve neste nada;
(mas o nada será o princípio de tudo,
estas já longas servidões humanas);

esquino, te reescrevo, Thandi; e se tenho palavras
é porque imito o canto
de uma ave fecundada adulta;

(claro que o lirismo não se prende ou rotula:
aceita-se tarde ou se nega e muito cedo);

mas o poeta tem boca:
as metáforas o seu ardil,
para que outros leiam
o que ele nunca disse. 

Heliodoro Baptista, Nos Joelhos do Silêncio, Lisboa: Caminho, 2005, p.20-21, 70.



considerações e ligações sobre o poeta aqui.

segunda-feira, setembro 12, 2011

O Sr. Pessoa



Costa Pinheiro, O chapéu do poeta Fernando Pessoa, 1979.
Óleo s/ tela 100 x 100cm.



Ele, o Sr. Pessoa, acolhia bem a vida. Vamos escrever com letra grande:
ama e era sensível à Vida, e se ela assumia um semblante
ele ficava contente por saudá-la e tinha o quarto limpo expressamente
para acolher a deusa - mas não tentava prendê-la ou demorá-la.
Há homens que se portam como se a Vida fosse uma jovem apetecida:
armas ciladas, fazem negaças, exibem-se se sabem que ela os vê.
O Sr. Pessoa por seu lado lidava com a vida mais como vizinho:
ela nunca andava longe e ele tinha a certeza de a encontrar às vezes.
Costumavam falar na rua, cavaqueio sem outras intenções,
às vezes ela passava lá por cada e então durava mais o convívio,
ela era visita, ele anfitrião, e o diálogo parecia mais estruturado
depois, já de saída, mais um sorriso, cinco minutos de conversa à espera do carro.
O grande desejo do Sr. Pessoa era só que a Vida o aceitasse
como presença sem pretensões, amante que não ousava possuí-la:
ficar ali quieto, confiante, até ao dia de irem buscar o seu caixão.


John Wain, Reflexões sobre o Sr. Pessoa, Lisboa: Cotovia, 1993, p.29

domingo, setembro 04, 2011

As palavras mais belas do mundo




motivado pelo espírito de «a minha palavra favorita», que vai pontuar o início deste ano letivo dos alunos do secundário (finalmente), fica aqui a lista das palavras mais bonitas do mundo, de acordo com a revista Kulturaustausch, que já tinha até motivado um conto, entretanto perdido...


Em primeiro lugar surge uma palavra turca, YAKAMOZ, que significa: reflexo da lua na água.

Em segundo lugar: hu lu: dormir, respirando profundamente, da China.

A terceira palavra seleccionada é volongoto: caótico; numa língua africana de uma região do Uganda.

Quarto lugar encontra-se oppholdsvaer: a luz do dia depois da chuva; assim se diz na Noruega.

No quinto lugar lê-se madala: graças a Deus; língua africana Hausa.

No sexto, a portuguesíssima saudade: nostalgia (e muito mais que agora não cabe aqui esmiuçar).

No sétimo lugar colocam perekotipole: o corredor do deserto, segundo o que se diz na Ucrânia.


Nota: os critérios eram relacionados com o significado (e a sua intraduzibilidade), mas também com o significante.