sexta-feira, dezembro 16, 2005

férias....

elas estão aí, desejadas, muito necessitadas. e continuaremos a estudar e a trabalhar, mas é diferente. não ouviremos professores nem perguntas como "quem é o espaço?"....

pausa para ser. pausa para repensar a bidinha. ///////////////////////////////////
/////////////////////////////////////////(achei giro por isto aqui). e pausa para ler!!!

e tal e coisa, deixemo-nos de póneis.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Livros para as férias ou para o próximo ano...

Pois é, as férias estão aí, há mais tempo (ou não) para pôr a leitura em dia. aqui ficam algumas sugestões, que são baseadas nas minhas leituras desde Julho deste ano até o presente mês. Obviamente, a lista diz respeito apenas aos melhores, por ordem de leitura:

1. Eles Eram Muitos Cavalos - Luiz Ruffato
2. A Criança no Tempo - Ian McEwan
3. Morreste-me - José Luís Peixoto
4. Ana Karenine - Tolstoi
5. O Jovem Torless - Robert Musil
6. No Antigamente, na Vida - Luandino Vieira
7. A Terceira Rosa - Manuel Alegre
8. O Manual dos Inquisidores - António Lobo Antunes
9. O Jogador - Dostoievski
10. Cem Anos de Solidão - Gabriel Garcia Márquez
11. O Ano da Morte de Ricardo Reis - José Saramago
12. A Guerra do Tabuleiro de Xadrez - Manuel António Pina
13. Histórias com Juízo - Mário Castrim
14. Antigas e Novas Andanças do Demónio - Jorge de Sena
15. O Físico Prodigioso - Jorge de Sena
16. O Dia dos Prodígios - Lídia Jorge
17. Ficções - almada Negreiros

Nota: os que estão a azul são mesmo imperdíveis!

terça-feira, dezembro 06, 2005

a pedido de muitas famílias, pronto...


(foto da milai, no regresso de Braga para o Porto)

texto escrito durante uma aula. chamei-lhe "Monólogo"...

As rosas viviam brancas por entre as folhas e arbustos. Uma rara brisa acariciava papoilas e passarinhos voavam tranquilamente. Havia no ar um vago som de uma flauta. Erecto, o corpo do jovem baloiçava-se ao som dessa música que nostalgiava. E as suas pernas azuis claras eram o pêndulo de um relógio calmo.
De repente, o som mágico parou. O corpo estava encostado a uma árvore, pacificado, sonolento. Não se apercebeu que, por detrás da colina, de onde provinha a melodia que cessara, uma pastora, que guardava seus rebanhos, gritava de desespero, tentando fugir à futura e terrível violação. Um homem de desejos possantes agarrou-a, roçou-se nela, forçando a sua interioridade e, satisfeito, abandonou-a dobrada sobre si, arrancando cabelos e a pele do ventre, que vem agarrada às roupas rasgadas.
Debaixo da árvore, as pernas azuis ganharam agilidade e o corpo anda. Era tão belo como uma maçã polida. Caminhou pela encosta, desce ao rio. Despiu a roupa e a sua brancura marmórea molhou-se. Nada, de costas, ainda, contemplando o mundo, como se tudo estivesse certo e o mundo fosse um lugar de coisas boas.

quarta-feira, novembro 23, 2005

vida pessoal

Pois é, grande pónei!
Eu a pensar que is recuperar alguma vida pessoal após o congresso e aulas assistidas... mas não, já chegaram os trabalhos do seminário, os testes dos miúdos (fazer, corrigir, matrizes, grelhas...), preparar visitas e actividades na escola, e coisas do género que só servem, bem no fundo, para nos dar cabo da cabeça... E quinta vou colaborar no encontro sobre Bocage, mas desta vez é apenas um apoio físico, não a apresentação de uma comunicação, como no congresso de lit. brasileira....
Ontem fui ao teatro: O Tio Vânia, no Teatro Carlos Alberto. Recomendo vivamente. E hoje vim ao blog. é esta a minha vida, que tristeza tão inútil estas mãos... Também tenho lido, as Ficções de Almada Negreiros são extradordinárias, agora ando com O Dia dos Prodígios de Lídia Jorge...

e pronto... vou fazer uma ficha sobre verbos para os meninos do 7.º ano...

sexta-feira, novembro 11, 2005

aula assistida

a primeira aula assistida até correu bem, os meninos foram queridos e colaboraram (até ao minuto 70, mais ou menos, depois começaram a dispersar...); eu estava à vontade, sabia muito sobre Caeiro, mas, claro, faltou-me um pouco a pedagogia: fazê-los chegar às coisas sem eu as dizer, manter a turma toda atenta e a seguir o raciocínio, diversificar tarefas... enfim, coisas a aprender com o tempo. o início foi fantástico: dois retroprojectores, nenhum funcionava! acho que foi por causa das tomadas, estava tudo estúpido, mas resolvi a questão mais ou menos. espero sinceramente que as vossas assistências corram como a minha (ou melhor!), que já não vão mal, acho eu! Boa sorte e bom trabalho!

terça-feira, novembro 08, 2005

gafes jornalísticas!!

os nosso broncos

Jornalista da RTP: É trágico! Está a arder uma vasta área de pinhal de eucaliptos! (trata-se de uma nova variedade de árvores...)

Um jornalista da TVI: "As chamas estavam a arder". (fantástico!!!)

Rodapé do Telejornal da Sic: O assassino matou 30 mortos. (era para ter a certeza que estavam bem>mortos...)

Jornalista da TVI: Foi assassinado, mas não se sabe se está morto. (e para se ter a certeza nada melhor que pedir ajuda ao assassino que matou 30 mortos!)

Uma jornalista da TVI: "Estão zero graus negativos." (ok)

Comentário de uma jornalista sobre o caso Aquaparque: "Os aquaparques têm feito, durante este ano, muitas vítimas, que o digam dois mortos registados este mês...". (em directo além!)

Lídia Moreno - Rádio voz de Arganil: Quatro hectares de trigo foram queimadas...Em princípio trata-se de um incêndio. (em princípio, pois até se pode tratar duma inundação...)

A meio de um relato de futebol: "Chega agora a informação...o jogador que há pouco saiu lesionado foi vítima de uma fractura craniana no joelho." (mais um caso raro na medicina!!!)

Numa notícia do jornal da noite, Manuela Moura Guedes ao dar uma notícia diz que "um morreu e outro está morto". (sem comentários...)

segunda-feira, outubro 31, 2005

dia das bruxas...


acho que não preciso de ir a festa nenhuma para as ver. tive seminário, só pensei no estágio, vi muita gente que, encobertamente, são bruxas, e verdadeiras!

Provérbios...

Quando demos os provérbios aos meninos do 7.º ano, fizemos um exercício com os provérbios desconstruídos por Mia Couto... aqui ficam alguns deles...

Provérbios – Versão Mia Couto


O arisco não petisca

Nem a água é mole nem a pedra é dura

O certo é sabido

Antes ao Sol que mal acompanhado!

Ele tinha mais freios que dentes

Pensar no nascimento da bezerra

Cão que ladra é porque tem medo de ser mordido

O prometido é de vidro

Já a formiga tem guitarra

quarta-feira, outubro 26, 2005

tão fofinho

pois é, su, tão lindo e tão fofinho... quase podia ter outro nome, tipo... ;)

segunda-feira, outubro 24, 2005

Notas de um estagiário de Português, para os outros estagiários seus colegas, amigos e simpatizantes.

Primeiro: isto não segue uma estrutra lógica ou organizada. É assim que o estágio nos deixa, às vezes. Isto é uma espécie de texto-coisa meio híbrido, sem planemamento nem revisão – ou seja, o oposto daquilo que ensinamos e defendemos como essencial nos trabalhos dos nossos alunos.


Segundo: estágio, nestes moldes actuais (2005/2006) é um grande pónei (vá, façam o gesto a acompanhar a expressão). Para já. Não há informações de parte nenhuma e cada orientador vai fazendo como quer, apalpando às escuras. E isto é como o sexo: há bons e maus guias de exploração do terreno. Só uma coisa é certa: não há remuneração nem subsídios para ninguém...

Terceiro: os colegas do núcleo foram, obviamente, escolhidos unanimamente de entre 21 candidatos ao lugar de parceiros de mim para o pseudo-trabalho...

Quarto: a escola é problemática, tem alunos difíceis, com dificuldades e necessidades óbvias. Mas há de tudo, como em todas as escolas. Mas é necessário destacar a nossa turma do sétimo ano onde todos os problemas se conjugam: não sabem ler, nem escrever, nem portar-se na sala,... de brinco na orelha, de boné – de um lado, ou umas peixeiras do outro lado, com a mania que sabem muito daquilo... e a média da idade ronda os catorze-quinze anos... (!)

Quinto: o trabalho, para já, tem sido do pior – mas já começa a ser reconhecido. Grande liberdade em relação ao sétimo ano, o que se traduz em criatividade, originalidade... mais trabalho. Sim, era muito mais fácil escolher os textos já sugeridos pelo programa e pronto...

Sexto: a gaivota entra pela janela. Mas também o gato. E as pombas. Meu Deus, parece um jardim zoológico, em que não faltam os camelos e os burros ;) Perto do mar é normal que tudo tenha uma outra vida – e o seu encanto especial.

Sétimo: reuniões estranhas, grandes palhaçadas. Mas salva-se a orientadora: tem jeito para a coisa (palavra que não deve ser usada, demasiado imprecisa e vaga, já dizia a nossa querida I.M.Du.).

Oitavo: e só não escrevo uma carta de expectativas porque há coisas mais importantes para fazer, tipo, discutir exercícios para explicar a diferença entre há e à (com acento grave, claro).

Nono: bem-vindos ao pior ano das nossas vidas. Ou talvez não...


(escrito na segunda semana de estágio...)

segunda-feira, outubro 17, 2005

carta a Alberto Caeiro (1.º trabalho de seminário)

Caro Alberto Caeiro,

Espero que a sua não-vida quase real lhe esteja a correr bem. E com isto apenas quero dizer que, apesar de toda a imaterialidade da sua existência, possa ainda andar pelos campos a ver a Natureza e conhecê-la pelo seu único lado: o de fora.
Escrevo-lhe porque preciso de dizer-lhe umas palavras de reconhecimento e, mais do que isso, de agradecimento.
Nascendo de um não-nascimento, é talvez a Pessoa que mais precisaria de ter nascido. E a sua morte de 1915, mais falsa que o seu nascimento inverdadeiro, foi uma perda irreparável para a poesia universal, que continua ainda a fazer-se de místicos que ouvem os rios terem êxtases ao luar, ou de formalistas que tentam descobrir duas árvores iguais, uma ao lado da outra, nem que para isso tenham de lhes cortar ramos, tirar alguns frutos ou tirar-lhes folhas.
Admiro-o, sobretudo, por essa visão de garça, de Atena atenta (que invejo e que às vezes finjo ter incorporada nas coisas que mal escrevo), tão patente na sua escrita. É uma escrita tão profundamente original que qualquer descuido se lhe perdoa logo. E não ligue aos comentários de um tal Fernando Pessoa, que acha que você escreve “mal o Português”. O que é o Português enquanto instrumento, quando a sua poesia é uma novidade tão fresca e saborosa? Uma língua com oitocentos anos, velha e carunchosa, não pode comportar tais versos sem a violação de algumas das suas regras…
Essa visão tão nova e especial das coisas será, talvez, fruto da sua não-vida passada numa quinta do Ribatejo – e se calhar, também, da sua instrução, que não passou da elementar. Quase dá vontade de dizer que a Natureza nunca foi apreendida por ninguém. Talvez o Alberto tenha sido o primeiro a ver o real sem a visão deturpada por medos que criaram uma série de construções filosóficas que tentam complicar a Natureza, quando, no fundo, ela é tão simples e natural como o levantar-se o vento. (Desculpe se me aproprio tanto das sua palavras, mas elas são tão exactas, apesar de tão simples, que não resisto a usá-las).
Mestre, também eu me comovo ao ler os seus versos. Uma comoção entre a nostalgia, a boa disposição e uma certa inveja: quantos poemas seus não gostaria eu de ter escrito! Fica a consolação de os ler e de serem também um pouco meus, quando os transporto na minha memória e os recordo, independentemente do lugar onde estou ou para onde vou. E por isso, por poder activar a sua visão das coisas em qualquer lugar, tenho só de lhe agradecer por esta nova perspectiva da eterna descoberta da novidade do mundo.
Deste seu imperfeito discípulo, um abraço para além da vida e da terra,

Tiago Aires

sexta-feira, outubro 14, 2005

Eva - conto

EVA

“Solidão de sozinho”
José Luandino Vieira, João Vêncio: os seus amores


Era de certeza uma árvore nova, nunca antes vista por ali. Folhas vermelhas, flores azuis. Que coisa do Diabo era aquela, nascida em ano de incertezas e estranhidades?
Era no jardim que a árvore estava. No jardim daquela mulher ainda nova, acabada de chegar, há quase um ano, à vila. Todos a adoravam por ser tão bela, tão gentil e tão generosa. Era uma abelha cheia de mel, diziam as mais novas da vila, que aprendiam com ela formas de fazer o enxoval mais perfeito – seus pontos diferentes, seus motivos inspirados e suas cores alegres e vivas nos bordados. Era uma mulher prendada, diriam; uma mulher primeira, orientadora das segundas, diria eu.
Era a Eva.
Eva gostava de neve, de flores na Primavera, do vento no fim do dia, do sol nas tardes passadas no jardim – comungava da Natureza-ela-toda, menos da chuva. A chuva era a tristeza mais triste, fazia uma pessoa sentir-se só de sozinha; nem consigo queria ficar. E dormia.
Ao fim desse recente ano de ensinanças e amizades, choveu muito. Era um ano de grossas gotas caindo sem fim, sem pausa, sem qualquer dormência ou preguiça. Eva dormia, bebia chá, andava pela casa, livro atrás de si, só. A chuva era tanta que as moças não se atreviam a percorrer o caminho para a sua casa, e mesmo que o fizessem, Eva não era a mesma para elas, porque nos seus olhos fundos azuis-esverdeados só se lia solidão… Mulher só em casa quando chove é como macaco fora do seu galho ou galinha sem grão para encher o papo. Mais valia só que a chover a potes, pensava ela. Mas isso era errado: se não chovesse, ela não estaria nunca só. Assim, a chover, não só estava só sem outros, como estava sozinha sem si.
O estar sozinha sempre suscitou sururu entre as pessoas da vila. As mais novas sabiam que ela era viúva (e todos na vila ficaram logo a saber também), daquelas viúvas de amores impossíveis e estranhos – o marido, morto, ficara perdido em Espanha, numa luta de políticos e gentes, que o apanhou desprevenido e o tornou mais um agredido-desaparecido. Morreu, lhe disseram. Mas ela nunca teve certezas claras, mas o escuro ensombrou seu destino. Por isso ela aceita a solidão de si em si, às vezes sem si, como se nada tivesse mais a esperar, a não ser que os dias de chuva passassem, porque foi num dia de chuva que Eva recebeu a notícia – “Morreu”.
Em sua casa as flores murcharam e não foram substituídas – jardim abandonado, as árvores cá fora ficaram sem flores e sem frutos. O piano foi fechado e vendido. O tempo andou e curou aos poucos a dor de uma perda por desaparecimento, sem corpo presente que confirmasse uma solidão eterna. E depois desapareceram as galinhas e os porcos, e até os cães e os gatos de raças ancestrais; as comidas luxuosas e arranjadas a preceito. Numa situação económica insustentável tudo se vende. Decide, Eva, fugir da sua terra – cortar o cordão umbilical por vezes é o melhor a ser feito. Fugir a todos que tentavam, de todas as maneiras, consolá-la da perda, perdendo-a com o desbaratamento dos seus bens, parcos já por falta de trabalho – não se tratava de mais nada. Cortara raízes e fora para sítio secreto, pequeno, onde não poderia ser encontrada facilmente por pretendentes e famílias que a quisessem (ou às suas parcas finanças que ainda poderiam fazer a felicidade de algumas pessoas).
Sim, pretendentes, porque Eva era nova, mulher que se procurava ainda para casar. Mas ela fechara-se em si e procurava apenas a sua sozinhidade, só quebrada, por vezes, pelas segundas, a que ensinava as suas coisas aprendidas antes, na sua meninice. Fugiu a pretendentes. Nova Penélope? Nem tanto, enquanto que Penélope nunca perdeu a esperança da vida de Ulisses – e da sua vinda, Eva não acreditava mais no regresso, porque também não acreditava na vida – acrente.
E nesse ano choveu tanto, tanto, tanto que nasceram culturas esquisitas. Num campo onde se plantaram feijões, nasceram os ditos cujos, mas também favas. No meio das cebolas nasceram batatas, no meio das batatas nasceram abóboras. Coisas não plantadas nesse ano surgiram, tal foi a saciedade dos campos férteis, abundantes de húmus. Campos revolvidos que deslocaram culturas de um lado para outro, tudo misturado e alterado, quase uma salada do mais natural possível.
E nasceram outras coisas, espécie de cruzamentos indisciplinados que levaram a novas coisas: morangamoras, peçãs, pessigos e tantas outras estranhezas que pareciam estrangeiras, como os frutos tropicais, aproveitadas logo para fazer saladas de frutas muito curiosas. E isto porque, culturas houve, que nasceram fora do tempo normal ou esperado.
Depois de toda aquela estranhitude frutífera, nasceu aquela estranhidade floral: uma árvore de folhas vermelhas e de flores azuis. Explicações não as havia, como as havia para as misturas de frutas. Dizia-se, primeiro, certezas nunca serão certas, que a árvore nascera das lágrimas de Eva, as folhas vermelhas do sangue derramado do seu marido, as flores azuis dos seus olhos sozinhos, porque o verde da esperança já secara. Um jovem cá da vila, que anda a estudar na cidade, explicou-nos que era coisa que podia acontecer, que as ciências podiam explicar, que era uma mistura de coisas que não percebi muito bem… Mas o povo também não percebeu e não se deixou convencer, foi juntando dois mais dois e deu a soma: tudo o que de estranho nascera só tinha aparecido depois da chegada de Eva! De filha do amor e saudade de Eva pelo marido, a nova árvore passou a ser vista como um qualquer tipo de manifestação do Diabo…
Já o Sol vigorava nas ruas da vila, mas, as moças, proibidas, já não visitavam Eva para aprender coisas úteis no lar. Eva consumia os seus dias entre as tardes no jardim ao sol, com um livro atrás de si. À noite bebia chá, dormia, ou olhava a arvora estranha. Assim, sem chuva, a solidão de Eva via-se melhor, iluminada e límpida, sozinha sem si.
Há quem diga, eu não vi nem sei, que um dia nasceu uma maçã preta na árvore, e Eva, como a outra, a das escrituras, comeu-a, sentiu-se nua e desapareceu da vila. O certo é que nada se encontrou em sua casa e a árvore foi cortada, apesar de me parecer que ela está a rebentar, de novo…

Braga


E assim foi o fim-de-semana em Braga: divertido, cansativo, com muito chocolate ("Charlie e a Fábrica de Chocolate" foi o filme que estivemos a ver até às quatro da amnhã...) e...
Valeu a pena. Celebrar o aniversário da madrinha vale sempre a pena!

(o quadro atrás de mim é uma pintura da mãe da Milai! - A Gaivota entra pela janela!)

sexta-feira, outubro 07, 2005

como se a nostalgia ou uma espécie de saudade pudessem existir...

Durius Dulcis

Depois que me senti envelhecer,
Passo horas e horas no meu lar,
De janela em janela, a espreitar
O breve mundo que me viu nascer.

Tem montes que não deixam de crescer,
Videiras que ninguém pode contar,
Oliveiras que vivem a rezar
E um rio que não para de correr.

Este pedaço de viril beleza,
Este painel de rica natureza
Irá comigo para o Além.

Sempre lhe quis e sempre o defendi,
Fui eu até que um dia o descobri...
Não o posso deixar a mais ninguém.

João de Araújo Correia

Poiares, outra vez

Para conhecerem alguma coisa da minha "santa terrinha", aqui fica o endereço da página do meu primo Nuno. Tem alguns erros, mas a intenção é o que conta.

http://sweet.ua.pt/~isca5667/aldeia.htm

segunda-feira, outubro 03, 2005

Tulisses III

Não apanhes sol.
não se devem apanhar as coisas de Deus.

(caloiro)

quarta-feira, setembro 21, 2005

estágio

e pronto, começou o estágio.
Ontem dei (demos) a primeira aula à turma do 7.º ano. até correu bem... amanhã: as duas turmas do 12.º ano (eu vou dar o Modernismo!!!!) e depois a do 7.º (teste diagnóstico e visita à biblioteca).
Deixo-vos um desenho de um dos senhores do modernismo português, Almada Negreiros (my lord, um grande mete nojo porque foi um dos artistas mais versáteis e completos...). o desenho até tem a ver com tudo: curso, estágio... ou talvez não...

quarta-feira, setembro 07, 2005

Gatos, again

Poema do Gato

Quem há-de abrir a porta ao gato
quando eu morrer?

Sempre que pode
foge prá rua,
cheira o passeio
e volta pra trás,
mas ao defrontar-se com porta fechada
(pobre do gato!)
mia com raiva
desesperada.
Deixo-o sofrer
que o sofrimento tem sua paga,
e ele bem sabe.

Quando abro a porta corre pra mim
como acorre a mulher aos braços do amante.
Pego-lhe ao colo e acaricio-o
num gesto lento,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos,
olhos semi-cerrados, em êxtase,
ronronando.

Repito a festa,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele aperta as maxilas,
cerra os olhos,
abre as narinas,
e rosna,
rosna, deliquescente,
abraça-me
e adormece.

Eu não tenho gato, mas se o tivesse
quem lhe abriria a porta quando eu morresse?


António Gedeão

pois éééééé


esta é a campanha de publicidade mais bem bem conseguida na FLUP. é verdade! depois disto ninguém vai poder beber outra marca de água....
;)

domingo, setembro 04, 2005

frase para outros.. alguém há-de entender...

“Não lhe chamava amor, mas percebia que se virava inteiramente para ele, como há flores que se viram para o sol e mais não fazem que o acompanhar.”

Lillias Fraser, de Hélia Correia
Verdadeiro Génesis

Deus plantou um jardim
E nele colocou o Amor.

Ao vê-lo só decidiu dar-lhe
Companhia feminina: a Amora.

Estavam nus mas não tinham vergonha.
Tenho na banheira um pouco de mar.
Aqui
Posso ser estrela, alga ou peixe
Ou simples areia.

tormes 2005




(fotos:
1-feq
2-piscina da quinta
3-vista da casa da ermida)

Tormes 2005

Pois aqui fica o comentário a uma semana muito boa… podia ter sido melhor… ao lerem percebem porquê…

Domingo: cheguei à Ermida às 9:42, vindo da Régua. A Marta chegou um minuto depois, vinda do Porto. Com ela vinha a Filipa, de Setúbal (Uni Évora). Conhecemos algum do pessoal e não deu para ver quase nada da quinta… O meu colega de quarto era o Manuel, professor-estudante caboverdeano, muito divertido. O meu quarto era bastante grande, ao contrário de outros…
A quinta é muito gira! Grande jardim, piscina, o rio de um lado, as linhas do comboio do outro, a casa dos moinhos do rio Teixeira :), a casa do Túnel,…

Segunda-feira: o pequeno almoço era servido às 8:15, às 9h estávamos no autocarro, às 9h30 estávamos na Fundação, após um agitado percurso pelo “pavimento degradado” (assim rezavam as placas da estrada).
A Fundação está sediada na antiga casa que a mulher de Eça recebeu de herança. Eça não chegou a viver lá, só passou por lá algum tempo, a ver o estado da quinta (que era muito mau…). Agora está fantástica: a quinta produz o Vinho de Tormes, os lagares: de um lado foram transformados na loja de recordações, do outro foram transformados num pequeno auditório e na fundação em si. A casa foi mobilada com coisas vindas da casa de Eça em Paris, pouco do lá estava era da própria casa.
Sessões de trabalho: das 9h30-11h00, 11h30-13h00; 15h00-17h00.
No primeiro dia a Professora Beatriz Berrini (Brasil) falou-nos de A Relíquia e deu-nos uma panorâmica geral sobre a obra de Eça. De tarde a Dª Maria do Carmo, a mulher do falecido filho de Eça, e presidente da fundação, leu um artigo de Helena Cidade Moura sobre a cidadania na obra do autor; vimos um filme sobre ele (o pessoal quase todo a dormir), visitámos a casa.
À noite fomos jantar à Casa do Lavrador: jantar à século XIX: arroz de feijão com pataniscas de bacalhau e leite-creme de sobremesa. Todos adoraram o menu e o sítio, que tinha uma espécie de pequeno museu, e candelabros (não havia electricidade, nem lavatório – tinha de ser um com um jarro, e as casa de banho é melhor nem comentar…).
Altas conversas com a Marta, Manuel, Ana (Covilhã, Uni Lisboa) Paula e Cláudia (as manas dos Açores)…

Terça-feira: De manhã: Beatriz Berrini a falar de A Relíquia (o pessoal desesperou um bocado…). Fizemos um trabalho de grupo sobre o primeiro capítulo da obra. De tarde foi a Professora Fátima Outeirinho (Univ. Porto), que nos falou do Eça cronista – muito bom!
Na quinta, alguns foram à piscina – mas esteve um tempo ranhoso durante o curso! Eu, a Marta e o Robert (EUA) fomos em demanda :) dos moinhos do rio Teixeira e só encontramos franceses… Grande noite de cantorias dos brasileiros e dos caboverdeanos. Altas conversas até tarde: eu, Marta, Ana.

Quarta-feira: a manhã foi de… Beatriz Berrini! O Quixotesco e o Pícaro em… A Relíquia! De tarde concluímos o Eça Cronista.
Tivemos também um passeio por St.ª Maria de Cárquede e por Resende, onde jantamos (o vinho, meu Deus, era da Quinta do Carqueijal, produzido e embalado na Quinta da Seara d’Ordens – Poiares!); vimos também uma exposição de fotografia. Choveu bastante. Altas conversas, agora mesmo a sério, até altas horas, no quarto da Marta, entre nós, o Manuel, a Cláudia e a Paula.

Quinta-feira: a recepção de A Relíquia, pela professora Beatriz Berrini e ainda um pouco de A Ilustre Casa de Ramires. De tarde, Maria João Reynaud falou sobre “No Moinho”. (r. b. pelo menos seis vezes…). Falou muito comigo antes da sessão… Adormecidos: dez pessoas, incluindo a Dª Maria da Graça; foi hilariante!!!
Tivemos depois uma visita a Baião. Fomos a uma Feira de Artesanato onde praticamente só havia comida e vinho… Vi o Ricardo, um colega meu da Residência e da FLUP… Jantámos lá, e fomos surpreendidos por um trio popular: acordeão, ferrinhos: o delírio ver caboverdeanos, brasileiros e a indiana a dançar aquilo…
Já na quinta, grande loucura a última noite: invasão dos quartos do pessoal, cantorias cá fora, agora também em Português Europeu.

Sexta-feira: A Professora Fátima Marinho falou-nos de A Ilustre Casa de Ramires, sobre o dandismo e um pouquinho sobre o conto “A Perfeição”. A Prof. Reynaud e a Prof. Marinho foram substituir a Professora Isabel Margarida Duarte, que ficou doente:(
Fomos levar o pessoal ao comboio das três e meia para o Porto, alguns deles ainda tiveram coragem para comprar cavacas de Resende (comíamos aquilo todos os dias ao pequeno-almoço!). Às quatro e meia fui eu apanhar o comboio para a Régua. As açoreanas foram comigo, mais a Rita (Univ. do Algarve) e a Manju (Índia – a fazer uma tese sobre Saramago!)…

Tenho ainda de referir as pessoas do curso, que me ensinaram coisas e me marcaram: Ana Varela (S. Tomé), Rebecca (EUA), Lúcia (Brasil, a estudar agora na Uni Porto), a Da Luz (Cabo Verde), Fátima (Brasil), Sara (Braga), Manuel (Cabo Verde), Manju (Índia), Robert (EUA), Telma (Coimbra)… enfim…

em especial: Filipa, Paula, Ana Sofia e a minha Martinha…

Marisa, numa aula de teoria

Um operário está a construir um muro em Angola. Tem quatro tijolos, 2 partiram-se. Quantas pauladas vai apanhar do patrão?

(numa aula de teoria, a partir de um exemplo matemático pouco feliz de uma das docentes, abrilhantado pela marisa)

Doutoramentos honoris causa...um dia também vou ter!!!!


Eu, entre os grandes…

Foi dia 22 de Março que eu tive a honra de… estar três horas com um livro, uma medalha, um canudo com diploma, um anel… que serviram de insígnias para Agustina Bessa-Luís… Foi muito interessante ver a sessão dentro dela, ou seja, no palco em que tudo se passou, e mais do que isso, participar nela!

A Universidade do Porto (UP) procedeu ontem, dia do seu 94.º aniversário, ao doutoramento honoris causa de Eugénio de Andrade e Agustina Bessa-Luís, duas das mais importantes figuras da literatura portuguesa. Por motivos de saúde, nem o autor de As Mãos e os Frutos nem Eduardo Lourenço, designado para seu padrinho, puderam comparecer à cerimónia, no Salão Nobre da Faculdade de Ciências do Porto.
Mais importante ainda, estavam lá: J. C. Mir, I.M.Dr., Mlt, M.L.Smp… E Constantina, Marta, Diana, Nelson, Helena, Natália, Bárbara,… Foto de: Hêrnani Pereira

montalegre 2005 (foi tarde, mas veio)







(Fotos - da marta:
1- a lojinha favorita...
2- pitões das júnias
3- mosteiro em pitões das júnias
4- o castelo de montalegre)

Eu, Su, Marta, Marisa e Herberto em direcção ao norte extremo do país, à terra do Manelinho – Montalegre. Uma espécie de viagem de finalistas…

De tudo o que se viveu por lá, há a recordar:
.o Saxo a perder-se na Senhora da Hora;
.as técnicas de desenjoo da Marisa (batatas fritas de presunto com coca-cola);
.a mala que quase não fechava…
.a cozinha com a lareira que nos pôs pior que presuntos;
.a dentadura, os enfeites de natal…
.o café do castelo completamente vazio à meia-noite;
.Pictionary, Trivial e coisas do género até às tantas da madrugada;
.as lojas, sobretudo: Padaria-Talho-Supermercado Nova Era e o café simpático cheio de pinturas (e do qual saímos às dez horas da noite, já cansados!)
.o castelo, as vistas, a junta de bois, a fonte da mijreta ( e a aventura para lá chegar…);
.a terrível feira do cabrito, e o interessante Licor Levanta o Pau;
.Pitões das Júnias, a chuva a bater em cima de nós durante horas, enquanto a Su dormia no saxo, em frente a um cemitério… Muito bonito o mosteiro!
.a fantástica estação: Rádio Montalegreeeeeeeeeeeeeeeeeeee;
.o pic-nic no saxo, a chuva ali ao lado, o Manelinho parado a olhar para as plantinhas…
.os poemas e as leituras interessantes;

.Pois ééééééé…

segunda-feira, agosto 22, 2005

hoje é o dia do mar

Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim,
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.

Sophia de Mello Breyner Andresen

olá!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

pois, sou eu de volta ,mas por pouco tempo.
tenho imensa coisa para escrever aqui, mas não consegui ainda.
além disso, as férias não dão para nada: ler (muito), nadar, apanhar algum sol, cantar mariza, andar com os primos de uma lado para o outro,...

........................namorar......................
ou não...
e pronto.

até um dia destes

sexta-feira, julho 22, 2005

livros para as férias

0-A Criança no Tempo, Ian McEwan
1-Um Verão Assim, Mário Cláudio
2-Morreste-me, José Luís Peixoto
3-Anne Karenine, Tolstoi
4-O Jovem Torless, Robert Musil
5-No Antigamente, na Vida, José Luandino Vieira
6-A Terceira Rosa, Manuel Alegre
7-Cem Anos de Solidão, G. G. Márquez
8-O Manual dos Inquisidores, A. L. Antunes
9-O Jogador, Dostoievski
10-Antigas e Novas Andanças do Demónio, Jorge de Sena
11-O Ano da Morte de Ricardo Reis, José Saramago
12-Ulisses, James Joyce
13-Rosa do Mundo (continuar...)

quarta-feira, julho 20, 2005

Tormes

e pronto! eu e a martinha vamos para Tormes!!! cinco dias de grande animação, de muito douro, de gente interessante, de reflexões sobre Eça de Queiroz, de.... enfim, uma semana de férias que se avizinha prometedoramente interessante.

quem organiza o evento, este ano, é a nossa professora de MEP, por isso vai ser engraçado, de certeza absoluta. o programa não aparece ainda na net, só surge o do ano passado (no qual colaborou o Pedro Eiras!), e ainda não temos muitas indicações, a não ser que os livros em foco serão A Relíquia e Os Contos.

roam-se de inveja e vão ver o site: www.feq.pt

como gastar 150euros na fnac??????????

Pois é, foi premiado no concurso literário da associação da faculdade de letras da univ. porto. segundo lugar (e único, já que não atribuíram primeiro nem terceiro) na categoria de ensaio! o meu "As Santas do Corpo", escrito em cinco dias a correr e aos tombos, põe em confronto Raul Brandão e Natália Correia (bem, na verdade põe em confronto duas personagens: Santa Eponina e Santa Melânia, uma de cada um dos escritores, respectivamente). rendeu-me uma interessante quantia... na verdade só vou receber o prémio no início do próximo ano lectivo, mas as dúvidas já começam: em que gastar o dinheiro? o que comprar? claro que há imensos livros que eu quero comprar, mas muitos deles encontro-os mais baratos noutros sítios, tipo feiras e, e os livros da ASA ainda se encontram muito baratos naquela famosa livraria na trinta e um de janeiro, perto de s. bento. um livro obrigatório é a "Obra Completa"de António Gedeão (29,70euros)... mas ainda temos a Sophia (faltam-me os contos), o Mia Couto, a poesia da Natália Correia, do Alexandre O'Neill, do Al Berto... e alguns livros pedagógicos ou coisas parecidas que podem ser pedidos e (que até podem ser úteis) durante o estágio... o problema não é tanto como gastar, mas como ter dinheiro para tudo isto? vai ser uma luta extraordinária decidir o que comprar e o que deixar nas prateleiras até um outro dia mais tarde... é um dilema interessante, mas porque raio não fiquei logo em primeiro, davam-me o computador e eu não tinha de pensar de mais???

segunda-feira, julho 18, 2005

e pronto. as listas ainda não passaram a definitivas e cinquenta mil coisas podem acontecer mas... Eu, a Marta e a Susana estamos juntos num núcleo de estágio fantástico, na escola Es/3 Boa Nova, em Leça da Palmeira. uma escola muito boa, a melhor para Estudos Portugueses, segundo gente informada diz... é ao pé da praia e tudo. e pronto.

Diana Krall - as letras de duas músicas muito... ;)



"Maybe You'll Be There"
(in: The Look Of Love)

Each time I see a crowd of people
Just like a fool I stop and stare
It's really not the proper thing to do
But maybe you'll be there
I go out walking after midnight
Along the lonely thoroughfare
It's not the time or place
To look for you
But maybe you'll be there
You said your arms would always hold me
You said you lips were mine alone to kiss
Now after all those things you told me
How can it end like this
Someday if all my prayers are answered
I'll hear a footstep on the stair
With anxious heart
I'll hurry to the door
And maybe you'll
Be there


Narrow daylight
(in: The Girl In The Other Room)

Narrow daylight entered my room
Shining hours were brief
Winter is over
Summer is near
Are we stronger than we believe?

I walked through halls of reputation
Among the infamous too
As the camera clings to the common thread
Beyond all vanity
Into a gaze to shoot you through

Is the kindness we count upon
Hidden in everyone?

I stepped out in a sunlit grove
Although deep down I wished it would rain
Washing away all the sadness and tears
That will never fall so heavily again

Is the kindness we count upon
Is hidden in everyone

I stood there in the salt spray air
Felt wind sweeping over my face
I ran up through the rocks to the old
Wooden cross
It´s a place where I can find some peace

Narrow daylight entered my room
Shining hours were brief
Winter is over
Summer is near
Are we stronger than we believe?

segunda-feira, julho 11, 2005


(imagem retirada de uma site chamado "rasganço", de uma tal Raquel Lima...)

Pois é, as "minhas meninas lindas" prepararam-me a maior surpresa da minha vida! foi lindo vê-las a cantar à minha varanda numa actuação privada (também lá estava a consti e a marta. e lá ao fundo o tozé e o rafa...) e fantástica, como sempre. Cantaram "Filhas da Madrugada", "Ai Faculdade" e "Serenata ao Douro" (a minha favorita, que elas me dedicaram quando fui ver a primeira actuação delas, no sarau da Faculdade de Psicologia).

Pela surpresa fantástica, muito obrigado! Vocês são as melhores, a melhor tuna que conheço! E não é só por serem da Faculdade de Letras, é também por serem muito divertidas, terem uma presença original em palco, e por inovarem (coreografias, músicas...) e por comporem as vossas próprias músicas, e por se divertirem o máximo que podem, e por tudo!

Muito obrigado por estes quatro anos de boas (MT BOAS) actuações! Desejo o melhor do mundo e que o lema das "Serenatas a ninguém" continue a marcar inegualavelmente o vosso percurso ad aeternum.

Obrigado também à consti e à marta por me terem convencido a ficar até mais tarde... tolas... e pela noite interessante de passeio de carro, a falar sobre vinhos, que acabou com os gelados no Capa Negra II...

Bjs a todas!

sexta-feira, julho 08, 2005

frases inspiradoras, ou não, dos nossos mestres

"aquilo que escrevemos é uma imaginação daquilo que somos"
Mlt.

"A literatura é como um elástico"
Ma. Ra.

"A literatura é um encontro entre duas almas"
Ar. Sar.

"só rotulamos bem quando conhecemos mal"
Mlt.

Calinadas, again... enjoy;)

quão mau é eu estar de férias :) e continuar agarrado à net, ao blog? é mesmo de quem não tem vida própria...

descobri umas coisas que queria partilhar... São uns apanhados das aulas da minha professora de História do 12.º ano, que era uma querida mas que dava muitas calinadas... Isto só prova que a minha actividade de registo de calinadas não é assim tão recnete...


"1840 - a Europa é o país mais povoado"
"reivindicam direitos a que têm direito"
"Petrogado"
"passam a trabalhar 40 horas de trabalho"
"ambos os três mais um"
"um homem não tem na mão cinco dedos, só se for deficiente" (sobre Guernica, Picasso)
"aqui têm de dizer também quem foram as primeiras mulhertes do mundo" (sobre uma questão de um exame acerca das sufragistas)
"as perspectivas parecem avenças ao mesmo tempo que parecem avançar" (sobre a pintura Atelier de Vieira da Silva)
"U.R.R.S.S."
"vejam, pro exemplo, o caso daquele caso"
"vemos no mapa os países da NATO e os países da OTAN"
"a chamada questão da... ou melhor, a questã alemã"
"vou-vos perguntar uma pergunta sobre como começou a guerra-fria"
"é necessário planear um plano"
"os EUA benificiaram com a guera"
"o Estrado-Providência"
"como vocês vimos..."
"Na Angola, os animais que estão no governo são uns autênticos animais"
"clima de guerra frio"
"Berlim é um país independente"
"o continente americano continua a ser um país"
"Pretendendo que o CHIFRE fosse confiado à Grécia"
"isto é já depois da segunda guerra mundial" (acerca de uma questão de exame em que os anos em questão eram 1920-1928)
"colónias - ex-colónias - paises independentes" (escrito no quadro)
"o comunismo acaba quando se vai acabar o muro de Berlim"
"iam para África, para fugirem à rega"
"o petróleo é o resultado do plástico"
"a reforma agrarária"

"os EUA fecharam a torneirinha"
"vamos acabar com a matéria e falar do Zé Cabra"
"algum dia a U.R.S.S. andou à batada com os EUA?"
"penetrar é a palavra-chave"
"quem faz parte desta seca?" (C.E.C.A.)
"é tudo uma questão de p...." (acerca da situação de tiroteio na Régua)

férias, finalmente

depois de um humorístico exame de Literatura Brasileira IV (que mais poderei chamar à palhaçada de questões que saíram?), posso finalmente dizer: estou de férias!!!!
ou talvez não, até porque ainda não saiu o raio da lista das escolas para o estágio e enquanto não saírem vamos ter de continuar a encontrar-nos por cá, de vez enquando (leia-se: todos os dias), sequiosos por saber que edifício vai ter a honra de nos acolher (e mais à nossa sabedoria) durante o próximo ano... Entretanto, vamos tendo uma visão do que nos espera lá, já que a nossa faculdade sofre todos os dias o arrastão chamado "universidade júnior"...

o sol brilha (estranho, por causa do fogo), o mar ondeia (mas com um cheiro grotesco), e até os autocarros avançam (com suas greves frequentes) e todos nos convidam às férias... em casa!
Anne Karenine vai ser uma óptima companhia para os próximos dias, logo depois de Antes do Baile Verde.

e por aí afora, pássaros voam, enquanto algumas pessoas bordam ;)!!!!!!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, julho 07, 2005

Poiares







a minha linda aldeia já está na net. aqui ficam algumas fotos de algumas coisas que podem encontrar por lá, se algum dia lá quiserem ir visitar-me...
1.ª foto: as nossas armas
2.ª foto: vista sobre o Colégio Salesiano de Poiares
3.ª foto: umas casas da rua principal (perto da minha)
4.ª foto: vista lá da zona...

"o mar entra pela janela"




ora aí está uma coisa parecida:

"De manhã, deitado, ouvi o mar por detrás da porta. as ondas
rebentavam contra o primeiro andar, as algas acumulavam-se
no patamar e no quarto."

excerto de um poema de Nuno Júdice

poema de aniversário para a MIM

desejo que os teus dias tenham espuma
e que as tardes, uma a uma,
te tragam sempre como pela primeira vez,
e que as ondas brancas tombem
sobre o teu corpo vestido de nudez.

talvez...


"Sentia-se triste como uma casa sem móveis."

Flaubert, Madame Bovary

terça-feira, julho 05, 2005

3 Poemas de Mia Couto

(Escre)ver-me
Nunca escrevi
sou
Apenas um tradutor de silêncios

A vida
Tatuou-me nos olhos
Janelas

Sou
Um soldado
Que se apaixona
Pelo inimigo que vai matar!

Fevereiro de 1985 – in Raiz de Orvalho

*

Tinha tanto...

Tinha tanto medo de solidão
que nem espantava as moscas

(inédito)
*

a cidade...

A cidade emagrece no osso da criança.
A fome nos deixa a boca deserta
Tudo está morto,
falta morrer o cemitério.

(inédito)

quinta-feira, junho 30, 2005

imagens, imagens, imagens.


e pronto, é só para dizer que já sei por imagens no blog, por isso, preparem-se!

Estudos Portugueses: Comunicado!



Pois ééééééé! É real! Acabei o curso, e com duas grandes notas finais: Teoria da Literatura II - 17, Literaturas Africanas em Língua Portuguesa IV - 18.

a todos os meninos e meninas que estiveram comigo nestes quatro anos de curso (do CURSO), o meu muito obrigado por tudo, além do desejo de muitas felicidades e sucesso, pois fomos (e somos) uma turma espectacular que merece tudo do melhor.

aos que vão para estágio: boa sorte e bom trabalho.
aos que ficam mais um tempinho: está quase, força!
aos indecisos: decidam-se com cabecinha
aos que não cabem nestas categorias: get a life!

Bjinhos e abraços e até sempre!

O logoteta

(Foto de Milai Laranja)

A prenda tão esperada. Uma tarde inesquecível em que as estórias se confundiram com as vidas de cada um de nós, porque José Luandino Vieira já faz parte das nossas vidas (pelo menos, das nossas estantes).

E porque as palavras não chegam, e não saem tão perfeitas como as dele, ficam apenas as lembranças desta tarde, que, só por acaso, não começou à "hora das quatro horas"... Quem lá esteve sabe do que não falo, quem não esteve é capaz de imaginar...

Tributo



















"parece-me por vezes ver o mundo às avessas, esperando que, ainda assim, ele permaneça com a possibilidade de nele encontrar beleza."
Mlt.

e foi ela quem nos ensinou a ver o mundo de outra maneira, não através dos olhos dos poetas, mas através dos nossos próprios olhos, poetizados.

poema para todos aqueles que me conhecem ;)

Gato em apartamento vazio

Morrer – isso não se faz ao gato.
Pois que há-de um gato fazer
Num apartamento vazio.
Ir arranhando as paredes.
Roçar-se por entre os móveis.
Por aqui nada mudou
Mas está mais que mudado.
As coisas estão nos sítios,
Mas os sítios outros são.
E nem se acende a luz pela noitinha.

Ouvem-se passos na escada,
Todavia, não os tais.
A mão que põe no pratinho o peixe
Também não é a que antes punha.

Algo aqui não acontece
às horas que acontecia.
Algo há aqui que não corre
Como devia correr.
Alguém aqui esteve, esteve,
E agora teima em não estar.

Vasculhados todos os armários.
Percorridas todas as prateleiras.
Uma vez verificado o chão sob a alcatifa.
Contra todas as proibições até,
espalhados os papéis.
Que é que fica ainda por fazer.
Dormir e esperar.

Deixa-o só voltar,
deixa-o lá mostrar-se.
Há-de aprender
que com um gato não se brinca assim.
Há-de um bicho ir-se chegando para perto,
Como quem não quer a coisa,
bem devagar,
muito sobre as patinhas ofendidas.
E ao princípio nada de saltar nem de miar.


Wislawa Szymborska“ Paisagem com Grão de Areia”

segunda-feira, junho 27, 2005

o prometido é de vidro 3

pois ééééé´...
a saga ainda não acabou, pois descobri, aquando da minha afincada leitura imanente do caderno de T.L.II, uma fantástica frase. não sei quem a pronunciou, mas aí fica ela...

"a ambiguidade é um conceito muito ambíguo".

é gira, não é?

Livros recomendados by mim

dos imensos cinquenta livros que já li este ano (em seis mesitos apenas), tenho de salientar-te alguns que têm de ser lidos, ou nem por isso...

1- Rosa do Mundo, 2001 poemas para o futuro, Assírio e Alvim (ainda em leitura, e até ao final do ano, pois tem quase 1900 páginas...) 4tulisses

2- Terra Sonâmbula - Mia Couto, Ed. Caminho ou Público/Mil Folhas 5tulisses

3- Nostálgica - Aléxandros Papadiamándis, Expo 98 4tulisses

4- Viagem ao Tejo com Pessoa na Bagagem - Egyd Gstattner, Granito 3tulisses

5- Madame Bovary - Flaubert, Visão 5tulisses

6- João Vêncio: os seus amores - José Luandino Vieira, Ed. Caminho 5tulisses

7- Lilias Fraser - Hélia Correia, Relógio d'Água ou Público/Mil Folhas 5tulisses

8- O Nome da Rosa - Umberto Eco, Difel ou Público/Mil Folhas 4tulisses

9 - A Demanda do Santo Graal, INCM 4tulisses

10- A Metamorfose - Kafka, Público/Mil Folhas 4tulisses

11- O Colar - Sophia de Mello Breyner Andresen, Ed. Caminho 5tulisses

12- Memorial de Aires - Machado de Assis, Livros RTP 4tulisses

13- Estórias de dentro de casa - Germano Almeida, Ed. Caminho 4tulisses

14- A Leitora - Raymond Jean, Teorema 3tulisses

15 - Antes do Baile Verde - Lygia Fagundes Telles, Livros do Brasil 5tulisses (embora ainda não o tenha concluído...)

chave de leitura:

5tulisses: muito mais do que obrigatório
4tulisses: muito bom
3tulisses: interessante
2tulisses: pois é...
1tulisse: grande ponéi
0tulisse: para que raio andei a perder o meu tempo?

menos 25 minutos

O S. João foi um espectáculo: fenomenais os cheiros, o contacto, a alegria e a diversão... pressentidos na tv...
Enquanto umas malucas estavam a cantar e a encantar os marines, outras a jantar pinhões e coisas do género, estava eu em casa, alone, ou melhor, na companhia de Bakhtine, o nosso amigo romanesco. E de pouco serviu, ou nada, estar esta noite com ele, já que no exame eu tive a brilhante ideia de sair ao meio-dia e cinco minutos, porque pensava que o tempo já tinha terminado, mas a professora estava a ser boazinha... Enfim, uma questão sobre Bakhtine que não chegou a ter três páginas completas é quase como um balão de S. João: ambos queimam! E porque agora se segue africanas, o melhor é ir ler alguns poetas, se não, queimo-me mesmo!

;)

quarta-feira, junho 22, 2005

o desespero da teoria da literatura

quão mau é, uns dias antes do exame do teoria da literatura, eu estar em frente a um computador, a escrever num blog estranho, que não interessa para nada, a não ser para me divertir um bocado? pois éééé, isto só quer dizer que o desespero acaba por ser tamanho que nem o Barthes e o seu prazer da leitura me conseguem fazer olhar para aqueles belíssimos textos em frencês e em inglês como se tratassem de belos pedaços de prosa arrancados da alma de um Raul Brndão. e pronto, como já estou a divagar e o tempo vai passando, vou mas é estudar o Sur Racine, e outras coisas que tais, se não vou ser fortemente, digamos, "recepcionado" no exame pela falta de conhecimento....

pois ééééé

quinta-feira, junho 16, 2005

em resposta ao manel

obviamente aquele bela era uma ironiazinha...

por acaso a Irlanda e a Inglaterra não tiveram grande fortuna este ano. a primeira não chegou à final(14.º na semi-final), a segunda ficou em 22.º!
aqui fica a lista dos vencedores...

1: Grécia (+)
2:Malta (+/-)
3:Roménia (+)
4:Israel (+)
5:Letónia (+/-)
6:Moldávia (++)
7:Sérvia-Montenegro (???)
8:Suiça(+)
9:Noruega (--)
10:Dinamarca (-)
11: Croácia(++)

frases cómicas dos nossos mentores

"Não é grande coisa, o rei Artur..." (A.S.L.)

"Não vai ser agora, se não ainda arrancam a cadeira e dão-me com ela na cabeça..." (P. Tav.)

"A Menina e Moça não é um OVNI" (Far.)

"Vamos todos queimar as aulas" (Far.)

"os deuses têm pouco que fazer" (Far.)

"isto são coisas de quem não tem mais nada para fazer" (Far, acerca das funcionárias da secretaria)

"o prof. é um chato..." (Far, sobre si mesmo)

"é sex, mas é assim que se escreve..." (Far.)

"podem comprar... desviar, roubar os livros..." (Far.)

"a empregada eclipsou-se" (Far.)

"Vamos é falar da selecção nacional, do Ronaldo e do Cristiano..." (L. Gr)

"O sistema entra em qualquer fechadura" (L .Gr.)

"Isso não me interessa nem um átomo." (Cl. Brr.)

"Eu fui aluno do Roland Barthes" (Ar. Sar.)

"Coitadinho do leão, que não tem nenhum cristão para comer!" (criança romana, citada por F. Tp.)

o prometido é de vidro 2

pois é, aqui fica a segunda parte desta saga quase interminável das gafes dos nossos fantásticos profs. ;)

"Se comerem a árvore..." (M. Ra., citando a serpente do Génesis)

"Eu agora estava a delirar..." (M. Ra.)

"É um poema quase só de versos..." (=verbos, M. Ra.)

"Depois vou-vos usar..." (M. Ra., = vou-vos mostrar como se usa)

"o alfa negativo tem carga negativa" (M. Ra.)

"uma pessoa que trabalha no correio chama-se... correio" (M. Ra.)

"a nossa sociedade é mais epicurista do que estoicisma..." (M. Ra.)

"Uma obra muito famosa, sabem quais são?" (M. Ra.)

"É uma criação inventada pelos gregos" (M. Ra.)

"Foi uma irreverência muito bem pensada" (M. Ra.)

"Ando sempre a fechar as luzes" (M. Ra.)

"é muitíssimo velo" (M. Ra.)

"protuguês... petroguês..." (=português????) (M. Ra.)

"via muito-a" (M. Ra.)

"dactilorgarfar" (M. Ra.)

"Eu savia, tu savias, ele savia..." (M. Ra.)

"A Sapo já não é assim..." (=Safo; M. Ra.)


"o ta marbuta pode ser inspirado (=aspirado) na leitura" (Ab.)

"vulcães" (Ab.)

"O vosso colega perguntou uma pergunta que disse..." (Ab.)

"o árabe é uma língua semética" (Ab.)

"abertura e fechadura" (Ab.)

"Flexblidade" (Ab.)

"soltero" (Ab.)

"vocês têm tanto bagagem" (Ab.)

"traços para peões" (=passadeiras; Ab.)

aluno: "Não há nenhum contexto em que se distingam?"
prof: "Sim, sim, são iguais" (Ab.)

"antecida" (=antecedida; Ab.)

"as morfemas" (Ab.)

"Escreví" (escrito assim no quadro...; Ab.)



"Recadeiras" (G. M.)

"pertinância" (G. M.)



"linga" (S. Car.)



"prótagonistas" (P. Tav.)

Comissão de Curso de EP revela destino da viagem de finalistas: CEDOFEITA

Após um fim de semana de reuniões exaustivas e assembleias gerais foi deliberado o destino, há tanto tempo esperado, da viagem de finalistas. «Porque Cedofeita é fácil, é barato e dá milhões!» Ao que se sabe, a AEFLUP, que já foi constituída 40% por estudantes de EP, vai comparticipar em 50% dos custos de deslocação...

;)

quarta-feira, junho 15, 2005

de um poeta maior(ssíssimo)

As mãos

Que tristeza tão inútil essas mãos
que nem sequer são flores que se dêem:
abertas são apenas abandono,
fechadas são pálpebras imensas
carregadas de sono.

Eugénio de Andrade

Etimologias (feito em 30/12/02)

Rui - vem do genitivo de rum,rui, que pode indicar um carácter embriagatório

Susana - de açucena, uma serpente mortífera também chamada de "Boa".

Marta - um nome complicado, com vários fenómenos fonéticos. vem de (a)mar (sou) t(u)a...

Ana Luísa - Ana em hebraico significa graça. luísa (germ.) significa gloriosa em combate. juntos, significam que vence tudo, sempre com muito estilo!

Ana Verde - Ana significa graça. Verde vem mesmo da cor dos olhos. significa que com ela por perto não há crise de acabar o riso...

Helena Sofia - Nome que alia a beleza e a tentação à sabedoria pelan. mulher imbatível que, pela origem grega do nome, terá tendência a fugir-lhe e a preferir o nome de "lenita".

Milai - surgiu uns meses antes do ano 1000. quando as pessoas se lembravam, diziam: 1000 ai! e ficou.

Marisa - o nome diz tudo. é um composto de má+brisa. houve uma síncope do -r-.

o prometido é de vidro (como diz Mia Couto)

aqui vão algumas pérolas dos nossos profs, só identificados pelas iniciais... mas vê-se bem quem são eles... coisas que podem acontecer (e acontecem) a qualquer um e que eu, mui honradamente, registei, para a posteridade! Esta é só a primeira parte, virão mais coisas engraçadas, mas também frases mais interessantes ditas pelos nossos mentores ;)


"A salvação dos mortos em situação de perigo" (J. C. M.)

"Um santo morrido em martírio" (J. C. M.)



"Primeiro só havia a televisão privada" (M. J. Ry)

"Vénus de Nilo" (M. J. Ry)

"Onde eu queria chegar é isto..." (M. J. Ry)

"quando o preso está preso..." (M. J. Ry)

"Humidifica-lhe o rosto com um lenço - reparem - molhado!, podia ser seco!" (M. J. Ry)



"Carlo Goldoni foi muito inovativo" (G. M.)

"Em companhia com Beatriz..." (G. M.)

"pensoso" (G. M.)

"algumas das poemas..." (G. M.)

"Plutão é uma feira cruel" (G. M.)

"abridores" (G. M.)

"imensio" (G. M.)

"A mulher ganhou independência com o estúdio" (G. M.)



"o que é que isto acontece" por "o que é que isto quer dizer...." (J. Des.)



"manteram" (Far.)

"quanto mais sofre, maior é o sofrimento" (Far.)



"descobrer" (S. Car.)

"abrimento" (S. Car.)

"ouvi ontem, nestes dias, na sexta-feira..." (S. Car.)



"expostas de uma outra forma diferente" (C. Sl.)

"Marx e Engels eram alemãs" (C. Sl.)

"digam não percebam" (C. Sl.)



"metrópela" (Crs. P.)

"Não sei se a partir de amanhã, se a partir de sexta-feira" (Crs. P., numa aula de quinta-feira)



"Obras manuscritas, escritas à mão" (Ar. Sar.)



"Manifesto Anti-Antas" (P. Tav.)

"Só existe sebastianismo desde que D. Sebastião desapareceu!" (P. Tav.)

"A tempestade dura só pouco" (P. Tav.)

"Seria normal que nos apresentamos" (P. Tav.)

"poribindo" (P. Tav.)

"é muito quente, o calor." (P. Tav.)


"suicidar-se ou suicidarem-no." (F. Tp.)

"fora e flauna" (F. Tp)

"A história termina, terminando." (F. Tp.)



"Escreve tal qual como escreve" (como fala.... - I.M.D.)



"O código da estrada... como é que se chama?" (M. L. Sp.)



"houveram muitos professores..." (L. Gr.)



"É na água que as bestas vão comer." (A. S. L.)

tulisses II

a vida é uma tampa.
para vivê-la basta destampá-la.

(colaboração com sandra carvalho)

tulisses I

o amor é verde e uma vaca comeu-o.

terça-feira, junho 07, 2005

promessa

dentro em breve, no meu blog, as fantásticas calinadas e frases maradas dos nossos professores. imperdível!

dispersão

esta dispersão em tudo o que vejo
os búzios musicais
as flores, os frutos vermelhos e frescos
na mesa
a fala de Penélope ecoando ainda pela casa.

e um sentimento tão grande de vazio
como um morango para uma formiga.
e uma falta de mim
que ando perdido nas coisas
e ainda não regressei
porque talvez não queira regressar.

à noite, quando na casa se ouvem respirar os livros
é Palamedes quem me fala da vida.

mas o sentimento de vazio tão grande
como o de uma ausência do mais essencial
continua nesta parte de mim.
e não regresso
porque nas coisas de que gosto
me realizo melhor

de forma mais eterna.

para a patrícia

ela pensava que os gatos eram almofadados por dentro.

(Alexandre O'Neill)

poema de António Reis

sei
ao chegar a casa
qual de nós
voltou primeiro do emprego

tu
se o ar é fresco

eu
se deixo de respirar
subitamente

para a minha irmã

queria escrever um poema que pusesse em evidência a semelhança de uma ágata com um morango - cortados ao meio. o aspecto certo e regular do corte, a textura diversa da parte de trás. e a formação do geóide brilhante, tão semelhante ao meio branco açucarado de um bom morango. e as cores múltiplas de uma em contraste com o vermelho do outro. ah, e o sabor do segundo, como diferenças. só. queria, mas não sei. fica para outra vez.

terça-feira, maio 24, 2005

parabéns a mim: rescaldo

muito obrigado por se terem lembrado de mim. Tó e Celine que me foram aliviar do trabalho, Marta e Patrícia que me cantaram os parabéns no bar, pessoal de Poiares (fantásticos), maninha querida, Su e Marisa, que às onze da noite me levaram um bolinho com as velas e me cantaram os parabéns... tolinhas :)

p.s- o bolo era bom.
su, hoje estou a usar o perfume que me deste ;)

segunda-feira, maio 23, 2005

parabéns a mim...

que belo dia, aquele em que fiz teste de História da Língua Portuguesa II, fiz trabalhos de Literatura Portuguesa VI e tive aula de Teoria da Literatura II prática...
ah, e em que fiz anos...

terça-feira, maio 17, 2005

Festival Eurovisão da Canção

longe vai o tempo em que Portugal parava para ver e ouvir o espectáculo musical que nos mostrava as tendências europeias neste campo. Hoje (ou de alguns anos a esta parte) o festival tem cada vez menos impacto, audiência e importância.
Eu, nascido nos longínquos dias de Maio de 83, ainda sou daqueles que assistem ao festival, porque acredito no valor da música, gosto da diversiddade europeia e adoro o stress final das votações. Porém, o stress já não é assim tanto, pois Portugal fica sempre nos últimos, a diversidade está a perder-se porque quase todos cantam em inglês e o valor da música que lá se apresenta nem sempre é existente...
Enfim, Portugal até pode ir potente (Sofia, Rita Guerra...) ou levar músicas giras (MTM...) mas... Excepção feita a Lucia Moniz, com uma música bonita, aliada à simpatia e aos instrumentos tradicionais portugueses, levaram Portugal a ter a sua melhor classificação de sempre.
Os meus favoritos, para variar, nunca ganham. Há dois anos era um grupo belga com um dialecto inventado de propósito, muito étnico, que ficou em terceiro lugar. O ano passado era um casal que cantava "at the end ofthe road"(...), cuja nacionalidade não me lembro, mas eram de leste... Era uma múscia divertida, ritmada, que misturava no final umas subidas de voz femininas tipo ópera!
E pronto, não comento a nossa bela música deste ano... pois ééééééé...................................

poema que condensa os meus mais recentes motivos poéticos

Penélope
sentada à beira-mar
como amoras negras
para espantar a solidão.

segunda-feira, maio 16, 2005

sexta-feira, maio 13, 2005

lamento pela morte de um navegador

continuaremos juntos pelas ondas
e veremos sempre o mar azul
como se nada mais existisse no mundo.
veremos as chuvas e as cores do céu
sentiremos as cores da terra longe
e as vidas, sons e sabores estrangeiros.
continuaremos e ouviremos toadas
e sentiremos a fome de tudo.
porque se as ondas te reclamaram
também eu reclamar-te-ei
em todas as viagens e em todas as paragens.

29 abril 2005, numa aula de lit. bras.

quarta-feira, maio 11, 2005

o poema do post anterior

é verdadde, a marta foi co-autora do poema... mas não sabia que ela queria ver a sua veia literária exposta...

temos de dizer, claro, que a estrutura de base é de um (lindíssimo) poema de Sophia:

Soror Mariana-Beja

Cortaram os trigos. Agora
a minha solidão vê-se melhor.

(in: O Nome das Coisas, 1977)

terça-feira, maio 10, 2005

pequeno poema

plantaram árvores em frente à minha casa.
um dia, a minha solidão terá sombra.

segunda-feira, maio 09, 2005

queima 2005

A queima já era, e começa uma fase em que temos de "morrer para o mundo".
Foi a última, enquanto estudante (de uma licenciatura), por isso houve coisas que tiveram um sabor especial: a Serenata continua a ser uma seca, mas lá teve uns momentos (leia-se: instrumentais) que me emocionaram; o jantar de EP, muito simples mas ao mesmo tempo importante, como sempre; a Consti trajada pela primeira vez; a missa fantástica, com a agitação das fitas e as músicas e danças africanas; a imposição das insígnias que levou às lágrimas algumas pessoas, sobretudo com a fantástica (quase cantada, quase tocada) Faculdade, da nossa magnífica Tuna Feminina de Letras, mas também com a cartolação... E o cortejo foi o mais divertido de sempre!
E como isto já era muita inovação, o resto da semana foi igual ao costume: não fui nenhuma noite, a não ser quinta, ver os Da Weasel, que a minha prima adora. Neste dia recordei o facto de não gostar do conceito queima à noite e apercebi-me por que razões não costumo ir ao queimódramo desde o segundo ano de faculdade. Sem comentários: a reacção da Su quando viu a Marta.
E se para o ano há mais, para nós, caros finalistas de EP, será diferente. Seremos outsiders, o efeito nunca será o mesmo (tirando o efeito do álcool em algumas pessoas, certo?), mas aquilo que vivemos estes quatro anos fica ad aeternum

e depois a nossa bandeira é que tem história...

A bandeira da Grécia baseia-se em nove listas horizontais iguais de azul que alternam com branco. Existe um quadrado azul no canto superior designado por cantão, que contém uma cruz branca. A cruz simboliza a ortodoxia grega, a religião tradicional do país, e cada uma das nove listas corresponde a uma sílaba da frase "Liberdade ou Morte" (Ελευθερία ή θάνατος). As proporções oficiais da bandeira são de 7:12.
O esquema de cores de azul e branco foi pela primeira vez usado na década de 1820, mas a forma actual só foi adoptada como bandeira nacional em 1978. Anteriormente, num azul mais escuro, a bandeira era apenas usada no mar e pela marinha mercante, e a bandeira nacional era uma simples cruz branca em fundo azul.

(adapatado de uma enciclopédia livre)

quinta-feira, maio 05, 2005

mais coisas giras de o Colar (III)

"e eu esperei-te em todas as esperas.

por isso não direi que eu te perdi
quando voltar a voz das primaveras."

"Eu sou como os romances de cavalaria."

"é muito perigoso não conhecer a vida."

poema que Lord Byron diz no final de O Colar (II)

Não iremos mais juntos divagando
Pela noite fora
Embora a lua brilhe tanto como outrora
Embora como outrora
Não cesse do amor a voz uivante
Que me devora

Pois o coração gasta o peito
E a espada gasta a bainha
O tempo rói o coração desfeito
E a alma é sozinha

Embora a noite sempre peça amor
E o dia volte demasiado cedo
E o luar corte como espada nua
Não irei mais em pânico e segredo
Sob a luz da lua.

De leitura obrigatória (I)

Imagine-se Veneza "que é sobre água construída". Canais, gôndolas, cantores fazendo serenatas às donzelas. Noite calma e azul.
Imagine-se uma jovem apaixonada pela "sombra da mais bela maravilha de Veneza", um fidalgo que canta às donzelas que logo se apaixonam por si.
Imagine-se uma rosa que os une. E corações que se partem e se têm nas mãos. Porque "para quem hesita, só há solidão".
Imagine-se também uma empregada fiel e esperta; um tio preconceituoso; e um colar ("A secreta luz do anismo do mar, agora rodeia o meupescoço e ilumina a minha cara e todo o meu corpo.") mandado por um pretendente mais velho.
Imagine-se um jantar com cheiro a mar, onde se bebe champanhe com rodelas de pêssego, onde surgem conversas paralelas e vários incidentes.
Imagine-se um encontro entre os dois, em que o primeiro amor sai derrotado e se salienta a sabedoria dos mais velhos.
Imagine-se Lord Byron aparecendoe dizendo um poema que expressa a solidão do ser.
Não se imagine mais. Leia-se: O Colar de Sophia de Mello Breyner Andersen, Editorial Caminho, 2001 (já que a única encenação da peça foi em 2002, pela Cornucópia, e foi absolutamente fantástica.)

quarta-feira, maio 04, 2005

para a Tereré:), mas também para quem me apresentou Al Berto

o Medo (2) - Al Berto

14 de Janeiro
todo o santo dia bateram à porta. não abri, não me apetecia ver pessoas, ninguém.
escrevi muito, de tarde e pela noite dentro.
curiosamente, hoje, ouve-se o mar como se estivesse dentro de casa. o vento deve estar de feição. a ressonância das vagas contra os rochedos sobressalta-me. desconfio que se disser mar em voz alta, o mar entra pela janela.
sou um homem privilegiado, ouço o mar ao entardecer, que mais posso desejar? e no entanto, não estou alegre nem apaixonado, nem me parece que esteja feliz. escrevo com um único fim: salvar o dia.

sonho que tive esta noite

hoje, se o sol não nascer à hora do costume, fui eu que morri.
e por isso a luz foi toda comigo, porque eu sou o centro do universo
o deus do calor e da luz das vossas vidas todas.

(sonho que tive esta noite, em que eu dizia isto a alguém e depois atirava-me de uma falésia... acima)

segunda-feira, abril 18, 2005

Como um Romance de Daniel Pennac - Comentário, parte 2

O livro termina com aquilo que o autor intitula de “Os Direitos Inalienáveis do Leitor”, que é uma lista de direitos que os jovens devem conhecer, para que não sintam a leitura como obrigação (com exemplos retirados da minha experiência pessoal):

1 O Direito de Não Ler
(não leio todos os dias leitura recreativa, não leio tudo o que já deveria ter lido…)

2 O Direito de Saltar Páginas
(quando li pela primeira vez As Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett, aos 12 anos, saltei os vários capítulos da viagem e só li a novela de Joaninha – mais tarde, aos 15 foram precisamente os capítulos da viagem que mais interessaram)

3 O Direito de Não Acabar Um Livro
(podemos deixar livros a meio por diversos motivos. O último foi Os Cento e Vinte Dias de Sodoma, do Marquês de Sade, ao qual não tenciono voltar nunca…)

4 O Direito de Reler
(reler as obras de que mais gostamos pode dizer muito de nós. Já reli todos os livros de Uma aventura, na infância, mas também reli o Gilgamesh, a Odisseia, releio poemas de Sophia, … – por vários motivos: gosto pessoal, necessidade escolar, uma tradução melhor que entretanto surgiu,)


5 O Direito de Ler Não Importa o Quê
(sobretudo no início da paixão pelos livros, depois com o tempo o gosto literário refina-se: li desde Os Cinco, Uma Aventura, Alice Vieira, aos livros de Júlio Dinis e Almeida Garrett, até a romances cor-de-rosa e banda desenhada de western e coisas semelhantes, ou seja, tudo o que ia apanhando nas prateleiras dos meus pais e tios…)

6 O Direito de Amar os “Heróis” dos Romances
(o quanto eu não gostava dos heróis de Uma Aventura, ou não me “apaixonei” por Maria Eduarda ou pela Georgina dos olhos azuis…)

7 O Direito de Ler Não Importa Onde
(no comboio, na cama, na biblioteca, no jardim, na praia, na sala, em todas as posições possíveis e imaginárias…)

8 O Direito de Saltar de Livro em Livro
(a possibilidade de não se circunscrever a um livro em determinado momento. Um livro de obrigação (estudo, profissional), um livro de entretenimento (romance, contos..) e um livro de devoção ( qualquer género, aquele livro que mais nos marcou e que gostamos de reler). Geralmente, além dos textos escolares, vou lendo ficção e poesia…)

9 O Direito de Ler em Voz Alta
(dá uma outra magia à leitura, sobretudo quando se lê poesia ou prosa muito bem escrita, com musicalidade...)

10 O Direito de Não Falar do Que se Leu
(geralmente tenho sempre necessidade de falar sobre o que li, a não ser que tenha sido uma coisa terrível. Mas é um direito que assiste o leitor e que deverá ser transmitido aos jovens, para os tranquilizar…)


(adapatado de um trabalho de MEP I)

Como um Romance de Daniel Pennac - Comentário, parte 1

Como um Romance tem este título porque se lê como se fosse um verdadeiro romance, mas é, no fundo, um ensaio sobre as relações que as crianças e jovens estabelecem com a leitura.
O autor analisa várias situações que lhe são fornecidas pela sua experiência de pai e de professor e, obviamente, de leitor. A questão impõe-se desde o início: qual o motivo para os jovens não gostarem de ler? É ideia quase consensual de que os jovens não lêem e que não gostam de o fazer quando têm necessidade disso, a nível escolar.
O filho mais velho do autor tem de ler um livro para a escola e não consegue avançar na leitura. A televisão (passividade, facilidade), jogos electrónicos, “o anacronismo dos programas, a incompetência dos professores, a decrepitude das instalações escolares, a falta de bibliotecas” podem ser alguns dos motivos que levam o jovem a afastar-se do livro. Ler é um acto que exige maior esforço intelectual do que assistir a um qualquer programa de televisão, em que muitas vezes só na imagem reparamos. O que se deve tentar fazer é arranjar tempo para a televisão, a música, os jogos, as saídas em grupo e a leitura.
Uma das estratégias de levar a um encantamento para a leitura é a descrita pelo autor em vários dos capítulos da obra: ler histórias aos meninos, desde pequenos, exactamente antes de irem dormir. Toda a magia dos mundos ficcionais, criados pelas leituras feitas pelos pais, levam a criança a iniciar um gosto pela leitura, que mais tarde se traduz não pela audição da história mas sim pela leitura da mancha gráfica, leitura feita pela própria criança. Esta prática poderá vir a criar na criança o gosto e até a necessidade de continuar a ler.[1] A escola não pode é quebrar este encantamento. Por um lado, os pais devem continuar a insistir nas leituras antes da hora de dormir, por outro, a escola tem de potenciar leitores, atraí-los, e não afastá-los (programas desajustados, métodos de leitura desinteressantes, …). É isto que acontece ao filho mais velho do autor: por um lado, a escola e seus programas, pelo outro, a “Trindade” formada entre o menino, o pai e o livro quebrou-se, deixando-o sozinho com o livro que acaba por se lhe tornar “hostil”. Pode-se retomar a actividade de ler para o jovem, criando novamente a magia pelos mundos paralelos que surgem, até que o jovem nos peça para ser ele a ficar sozinho com o livro, para criar uma outra intimidade e superar barreiras por si mesmo.
Além disto, o autor chama a atenção para a “gratuidade do prazer de ler”, ou seja, ler é um prazer pessoal e os adultos (pais ou professores) não devem exigir ao jovem a prova de uma competência, não lhe apresentar o livro como esforço a ser vencido...
Na segunda parte da obra, o autor, valendo-se da sua experiência como professor, começa por abordar a questão da leitura referindo expectativas dos pais, professores e até dos alunos (perante a leitura). A primeira grande constatação é a de que os jovens não têm tempo para estarem consigo mesmos e com o livro, (é o piano, desportos, festinhas, aulas suplementares de línguas e de informática,...).
Sugere a ideia de “dar a ler”, ou seja, a ideia de que “o culto do livro resulta da tradição oral”, que vai ser demonstrado depois na terceira parte da obra. Este trabalho pode e deve ser desenvolvido pelo professor na sala de aula (o professor de língua materna, sobretudo, mas também os outros), e pode passar, por exemplo, por actividades como a leitura em voz alta de um livro durante uma aula ou, posteriormente a esta prática, a criação de bibliotecas de turma, clubes de leitura, … Trata-se de criar leitores, mas esta criação deve ser entendida somente como uma redescoberta do prazer de ler (“Acontece apenas que o prazer de ler estava ali à mão de semear, sequestrado nos sótãos adolescentes por um medo secreto: o medo (muito antigo) de não compreender”). O objectivo é criar leitores, através da leitura na sala de aula em voz alta de romances, contos… Deixar crescer um gosto pelas histórias, pelas personagens, pelo livro, pela vontade de querer saber o que se segue a determinado acontecimento; esperando que com isto os alunos cheguem a tal ponto de curiosidade que vão eles próprios procurar o livro na biblioteca, em casa ou na livraria para descobrirem o resto da história, ou até, que comecem, eles próprios, a procurar livros que lhes poderão interessar para ler. Assim, afasta-se a ideia de que ler custa, não tem interesse, utilidade/prazer, de que não se percebe nada do que os escritores escrevem, …
Uma das ideias principais da terceira parte é a de que os livros que estão nos programas são sempre “chatos” e os alunos lêem outras coisas (humoristicamente, o autor diz que Madame Bovary é “seca” para os alunos franceses que têm de o ler na escola, enquanto que para os alunos americanos é já uma obra “interessante”, porque não faz parte do seu currículo, e a correspondência completa-se com a obra de Salinger L’atrape-couer, de que os americanos não gostam e que os alunos franceses lêem com prazer). Isto porque se uma obra está num programa escolar ela tem de ser chata e não se faz o esforço de a ler por se ter medo de não compreender (e temem-se as avaliações...).
Reforça-se a ideia de gratuidade da leitura: para haver esta reconciliação com a leitura, o professor não deve pedir nada em troca (exigir comentários, resumos, fichas...), porque quando a reconciliação estiver feita serão os leitores a questionar-se sobre o contexto cultural do livro, a biografia/obra do autor, e eles próprios falarão do que leram.
Contar livros é também uma técnica de sedução, nem que seja um resumo em três palavras, como diz o autor, desde que consiga prender a atenção de um futuro leitor dessa obra.

[1] Se bem que existam casos de crianças a quem nunca leram histórias e que mais tarde se tornam leitoras, e o oposto também aconteça…

Um texto com alguns anos, mas há coisas que nunca mudam...

Um texto que eu escrevi depois de um exame ou prova global qualquer, enquanto esperava pelo autocarro para ir para casa. É verídico. reparem no fantástico pormenor do carro!


Paciência

Parou um carro azul à minha frente, com um senhor jovem e gordo; de camisa aos quadrados azuis, verdes e amarelos; que bebia água e falava ao telemóvel.
Parou um autocarro Rodonorte e lá foram umas seis pessoas embora.
O homem do carro azul, um citroen saxo de matrícula 93.33.OV, está a ler um livro enorme, mas parece ir nas primeiras páginas. A leitura está a ser desagradável e por isso pousa o livro no banco do lado. Recosta o banco para trás, bebe mais água e espera... Quem espera desespera! É o que aparece acontecer... Em apenas cinco minutos fez tudo isto e muito mais. Não para quieto um segundo.
Liga o rádio: notícias, apesar de já serem 11:14 horas. Aperta o baraço dos calções de licra azul, olha para o relógio e espera. Desaperta um botão da camisa, coça a cabeça, põe as mãos no guiador, no banco do lado, na janela...
Grande seca, e ainda faltam mais quarenta minutos.
Pega novamente no livro, que agita por breves momentos. A sua capa é branca, totalmente branca, sem imagens.
O autocarro já abriu, mas ainda não se pode entrar, está apenas a refrescar.
O vaivém dos carros é constante, mas o seu barulho ainda permite ouvir o som lubrioso das andorinhas e de outros pássaros. Corre uma brisa refrescante do rio.
O homem espera.
A paciência tem limites, assim como o Homem. Começa a comer bolacha de água e sal: são mais saudáveis...
Uma senhora velha e magra passa a passadeira e procura o seu autocarro.
Na estação, acaba de chegar o combóio das onze e meia, na linha dois, plataforma um.
Aparece um senhor de olhos azuis, todo esfarrapado que olha a gente com olhos desconfiados e segue caminho.
Vem um senhor a vender gelados, cujo negócio está em grande, ultimamente.
A paciência tem limites, e o Homem também. O limite da paciência atingiu-se, o Homem ainda não atingiu o seu limite.
Atira o livro para o rio. Atira as bolachas para a mata, atira a água para o chão. Gira a chave e atira-se ao desconhecido, procurando atingir o seu limite terreno.
Entretanto, chegou a hora de entrar no autocarro e ir para casa.

15/06/00

segunda-feira, abril 11, 2005

No surprises - Radiohead - lindo, não? É pena, mas às vezes pode ser o melhor...

No suprises

A heart that´s full up up like a land fill.
A job that slowly kills you. Bruises that won´t heal.

You look so tired and happy.
Bring down the government, they don´t, they don´t speak for us.

I´ll take a quiet life, a handshake, some carbon monoxide.
No alarms and no suprises,
No alarms and no surprises.
Silent,
silent.

This is my final fit, my final bellyache with no alarms and no surprises.
Such a pretty house, such a pretty garden.

No alarms and no surprises.

Thom York – Radiohead

2 poemas inspirados por Monte Clérigo

Monte Clérigo I

O sol torra a saída inicial
E só sinto o forte cheiro a sal,
Molhado,
Caio na beleza magistral
E penso, extasiado,
Que me podia perder,
Facilmente,
Nas curvas de um búzio
Mesmo que estivesse a chover.


Monte Clérigo II

Aqui tudo é azul
Mar, céu e ar.

De manhã, quando o sol é breve
A solidão existe e extasia.
Não se sai dela e vive-se
Como se no mundo
Apenas existisse beleza.

quarta-feira, março 30, 2005

para começar bem: um poema de Sophia

O vazio desenhava desde sempre a forma do Teu rosto
Todas as coisas serviam para nos ensinar
A ardente perfeição da Tua ausência

Sophia de Mello Breyner Andresen, Geografia, 1962