domingo, agosto 31, 2008

Sugestões de Agosto


Mês de fim de festa. Assim mesmo, da festa da irresponsabilidade e do protelar até à última – tem corrido sempre bem, até agora. Menos coisas este mês, pela vida exterior que tive o prazer de desenvolver. Mas ainda assim, tempo para tudo – afinal o problema não é o tempo mas aquilo que fazemos dele. E eu fiz isto, entre outras coisas:

Livros:

1 – A Bíblia (Actos dos Apóstolos), Paulus***

argumentos: o seguimento dos evangelhos, mais concretamente do de Lucas, é o relato das viagens e palavras (=actos) dos discípulos de Jesus, animados pelo Espírito Santo que os ajuda e incita a espalhar a mensagem de Jesus pelo mundo. Focos em Pedro e, depois, em Paulo.


2 – Prosas Bárbaras, Eça de Queirós, Lello & Irmão****

argumentos: continuação do amigo Eça. Desta vez um livro que resulta de uma série de textos primeiros que Eça publicou, de nítida estética romântica, sobre arte, amor, vida: «Esta história é de há seiscentos anos – e de ontem à noite…»(p.55). Alguns aproximam-se do conto, outros da crónica, outros da carta. Mais: «É na natureza que se deve procurar a religião: não é nas hóstias místicas que anda o corpo de Jesus – é nas flores das laranjeiras.»(p.104).


3 – Ariel, Sylvia Plath, Relógio D’Água***

argumentos: conjunto de poemas de uma grande escritora norte-americana, talvez mais conhecida pela sua vida com fim trágico do que pela obra – mas vale a pena! Densa, difícil – pode ser que sim, mas tudo o é, quando se aprofundam sentidos. Dela postei aqui. Esta edição tem a vantagem de ser bilingue.


4 – Cartas de Aniversário, Ted Hughes, Relógio D’Água***

argumentos: conjunto de poemas-cartas dirigidas quase exclusivamente a Sylvia Plath, com quem foi casado. Obra e vida fundem-se sem limites bem-definidos. Tem textos muito interessantes, dos quais postei um aqui. Mais: «Não nos apercebemos/que os narcisos são um/fugaz vislumbre da eternidade.»(p.217).


5 – Se Isto É um Homem, Primo Levi, Público/Mil Folhas*****

argumentos: a obra extraordinária de um judeu italiano que sobreviveu a Auschwitz para escrever o mais humano e comovente testemunho do Holocausto. Mas não é mais um simples relato do Holocausto; é um acto de fé na natureza humana. Difícil de ler pelo choque que provoca, mas impossível de deixar. Mais: «Muitas coisas então foram ditas e feitas entre nós; mas é bom que delas não se guarde memória»(p.13); «Então pela primeira vez nos apercebemos de que a nossa língua carece de palavras para exprimir esta ofensa, a destruição de um homem.»(p.24); «As personagens destas páginas não são homens. A sua humanidade está sepultada, ou eles mesmos a sepultaram, debaixo da ofensa que sofreram ou que infligiram a outrem»(p.135).


6 – O Deus das Moscas, William Golding, Público/Mil Folhas*****

argumentos: um romance do pós-guerra marcado pela actualidade dos temas. O motivo central é o mal, em estado puro, que se apodera das crianças perdidas numa ilha desconhecida - mas que também pode ser a história da condição humana. Com um tom aparentemente ligeiro, que se adensa com o evoluir da permanência da ilha e os contactos uns com os outros. Duro, enigmático, extraordinário. Mais: «Rafael chora o fim da inocência, o negrume do coração do homem e a queda pelo ar daquele verdadeiro e sensato amigo que se chamava o Bucha»(p.222).


7 - Mau Tempo no Canal, Vitorino Nemésio, INCM****

argumentos: ainda não terminei o livro mas gosto muito. A história de várias famílias nos Açores no início do século XX, centrada sobretudo numa personagem feminina chamada Margarida, descrita pelo narrador e pelas personagens de uma forma que a enche de particularidades especiais («encheu a testa de uma reticência triste»(p.66)). Mais: «O amor não queria confissões explicadas no vão de uma janela, nem alegorias literárias de um querer-bem concebido como matéria de um mito, ligado à rocha das ilhas e às noites de mau tempo no Canal.»(p.152). Muito interessante, com um prefácio de José Martins Garcia.


TV:

Os amigos de Brian (RTP2)****

argumentos: em repetição, nas tardes da Dois. Não vi quando deu à noite, mas estou a ver agora. E gosto bastante pelas histórias cruzadas de um grupo de amigos, seus problemas quotidianos e existenciais. Não admira que haja problemas por causa de Marjorie (Sarah Lancaster)– a jovem fantástica que por lá anda e que o italiano (Raoul Bova) se tenha casado com uma mulher mais velha – extraordinária (Rosanna Arquette). Pena que o italiano tenha morrido, até porque era das minhas personagens favoritas na série… Mas recomenda-se! Ainda com Barry Watson, Matthew Davis, Rick Gomez, Amanda Detmer, entre outros.

Foi o mês de Agosto de um ano olímpico – já se imagina o que andei a ver. Daqui a quatro anos há mais!


Música:

Deolinda, A Canção Ao Lado*****

argumentos: sobre os Deolinda já falei aqui. Mais não posso dizer, se não que são muito bons e que tenho ouvido muito, sobretudo «Eu tenho um melro» e «Movimento Perpétuo Associativo». A música portuguesa em grande!


Cinema:

Os Seis Sinais da Luz, de David L. Cunningham (filmes onde o fantástico domina conquistam-me facilmente. Gostei também deste, simples e interessante)****
A Time To Kill, de Joel Schumacher (apesar do mundinho dos advogados e tal, intenso)****
A Rainha das Andorinhas (animação Japonesa com desenhos bonitos e uma historinha com moral fácil, mas tão bonito!)****
A Chave Mestra, de Iain Softley (filme de terror sem monstros e sem sangue! Assim já vale mais a pena!) ***
La messa è finita, de Nanni Moretti (ele é doido, mas bom)***
Palombella Rossa, de Nanni Moretti (idem, ibidem)***
A Múmia 3 - a tumba do imperador dragão, de Rob Cohen (sem Rachel Weisz não é a mesma coisa. Mas é mau não apenas por isso…)**
Uma Noite no Museu, de Shawn Levy (Ben Stiller e uma cambada de personagens históricas em contacto. Gostei, no geral) ***
Casino Royale, de Martin Campbell (por favor…)**
Morte num Funeral, de Frank Oz (uma comédia inteligente)****
Bee Movie, de (adoro filmes de animação bem feitos)*****
The Mist, de Frank Darabont (se não tivesse monstrinhos visíveis seria bem mais interessante, e aquele final…)****
(alguns dos filmes em dvd com tradução em Português do Brasil...)

segunda-feira, agosto 18, 2008

1 poema de Ted Hughes

Chaucer

«Quando Abril com suaves aguaceiros
sacia a sede de Março até às raízes...»
Com a tua voz no seu tom mais elevado, balançando no cimo de um escadote,
braços erguidos - para te equilibrares e
segurares as rédeas da esforçada atenção
daquela tua audiência imaginária - declamaste Chaucer
para um campo com vacas. E o céu da Primavera fez o resto,
com a roupa lavada a escoaçar, o verde-esmeralda
dos espinheiros, o espinheiro branco, o espinheiro negro,
tu com um daqueles copos de champanhe
a que tinhas deitado a mão na arrebatação do momento.
A tua voz voou pelos campos até Grantchester.
Deve ter soado a perdida. Mas as vacas
olharam, e aproximaram-se logo: elas apreciavam Chaucer.
E tu continuaste. Havia razões
para recitar Chaucer. Seguiu-se uma divertida Mulher de Bath,
a tua personagem favorita de toda a literatura.
Estavas arrebatada. E as vacas fascinadas.
Empurravam-se e roçavam-se, faziam um círculo
para contemplar o teu rosto, dando alguns bramidos ocasionais
de exclamação, para avivar a sua assombrosa capacidade de atenção,
de ouvidos à escuta para apanhar todas as inflexões,
à respeitosa distância de dois metros.
Tu simplesmente não conseguias parar. Que podia acontecer
se resolvesses parar. Seriam capazes de te atacar,
assustadas com o choque do silêncio, ou só porque queriam mais? -
E por isso tiveste de continuar. E continuaste -
vinte vacas ficaram contigo, hipotizadas.
Como é que conseguiste parar? Não me lembro
De teres parado. Imagino que se foram embora cambaleando -
a revirar os olhos, como que atraídas pelo cheiro da erva.
Imagino que as devo ter enxotado. Mas
a tua interpretação de Chaucer em sustenido
já era eterna. Aquilo que se seguiu
encontrou a minha atenção demasiado ocupada
e teve de regressar ao esquecimento.



Ted Hughes, Cartas de Aniversário, tradução de Manuel Dias, Lisboa, Relógio D'Água, 2000, p.111



Cena do momento em que Sylvia Plath declama Chaucer para uma audiência constituída por Ted Hughes e vacas, no filme Sylvia de Christine Jeffs, com Gwyneth Paltrow e Daniel Craig (2003).

3 poemas de Sylvia Plath


Papoilas de Julho

Pequena papolias, pequenas chamas do inferno,
Vocês não fazem mal?

E tremeluzem. Não posso tocar-vos.
Ponho as minhas mãos entre as chamas. Nada queima.

E fico exausta ao olhar-vos
A tremeluzir assim, pregueadas e de um vermelho vivo, como a pele de uma boca.

Uma boca que acabou de sangrar.
Pequenas bainhas ensanguentadas!

Há fumos que não posso tocar.
Onde estão o vosso ópio, essas cápsulas que dão náuseas?

Se eu pudesse esvair-me em sangue, ou dormir!
Se minha boca pudesse casar com uma ferida assim!

Ou se os vossos venenos pudessem penetrar em mim, nessa cápsula de vidro,
Para me entorpecer e inquietarem.
Mas sem cor. Sem cor alguma.

***
A chegada da gaiola das abelhas

Encomendei isto, esta gaiola de madeira limpa
Quadrada como uma cadeira e quase tão pesada para se poder levantar.
Diria que era o caixão de um anão
Ou se um bebé quadrado
Se não tivesse lá dentro tal clamor.

A caixa está fechada, é perigosa.
Tenho de passar a noite com ela
E não me posso afastar dela.
Como não tem janelas, não posso ver o que está lá dentro.
Há só uma pequena rede, sem saída.

Encosto os olhos à rede.
Está escuro, escuro.
Dá a sensação de um formigueiro de mãos africanas
Reduzidas e apertadas para exportação,
O preto sobre o preto, a trepar furiosamente.

Como é que as vou deixar sair?
Assusta-me o barulho mais que tudo,
As sílabas ininteligíveis.
É como a plebe de Roma,
Gente pequena, vistos um a um, mas juntos, meu Deus!

Dou ouvidos a este latim em fúria.
Não sou um César.
Apenas encomendei uma caixa de doidas.
Podem ser devolvidas.
Podem morrer, não tenho de as alimentar, sou a dona.

Pergunto-me se terão muita fome.
Pergunto-me se me esqueceriam
Se eu abrisse a fechadura e ficasse parada e me transformasse em árvore.
Como o laburno, em suas colunatas de oiro,
Ou a cerejeira com seus saiotes.

Talvez me ignorassem de imediato
Vestida com o meu traje lunar e o véu de luto.
Não sou fonte de mel
Por que razão se haviam de voltar contra mim?
Amanhã vou fazer de bom Deus, vou libertá-las.

A caixa é apenas temporária.

Sylvia Plath, Ariel, tradução de Maria Fernanda Borges, Lisboa: Relógio d’Água, 1996, p.165, 127.

*****
Colher amoras

Ninguém nas veredas e nada, nada além das amoras,
Amoras de ambos os lados, embora mais à direita
Uma aléia de amoras descendo em curva e um mar
Se alçando lá no fim. Amoras
Grandes como o meu polegar e a silenciar como olhos
De ébano nas sebes, gordas
De sumo azul-vermelho. O sumo esbanjam entre meus dedos.
Eu não pedira esta fraternidade de sangue: — elas na certa me amam.
E se acomodam em meu jarro, achatando-se os lados.

No alto, as gralhas negras, revoada cacofónica
— Pedaços de papel queimado girando num céu a pleno.
É delas a única voz protestando, protestando...
Acho que o mar não aparecera.
As campinas altas e verdes resplandecem como acesas por dentro.
Chego a um arbusto cheio de amoras tão maduras que o arbusto é de moscas
Pendentes, suas barrigas verde-azuladas e os vitrais das asas numa tela chinesa.
A festa de mel das amoras alvoroçou-as. Elas acreditam no céu.
Uma curva mais: amoras e arbustos terminam.

Tudo o que vem agora é o mar.
De entre dois morros uma súbita brisa se afunila em direção a mim
E me esbofeteia a face.
Esses montes são muito verdes e doces para quem provou sal.
Entre eles, sigo a trilha das ovelhas. Numa última curva
Alcanço a face norte dos montes, cor de laranja e rocha
E a face olha para nada, nada exceto um grande espaço
De luzes brancas metálicas; nada exceto um ruído de ferramentas sobre a prata,
Os golpes e golpes contra um metal intratável.

Lido aqui. http://br.geocities.com/edterranova/sylviap3.htm

domingo, agosto 17, 2008

Deolinda e enfins

Sábado. Eu, a minha irmã e a minha priminha em direcção a Vila Real para ver e ouvir os Deolinda no teatro. Estive todo o dia a ouvir com atenção o álbum (lá conseguiu abrir excepção à banda sonora do Expiação). Muito bom, divertido, fresco, com qualidade. Original - arriscaria. E queria ouvir e ver os Deolinda cantar as minhas favoritas, «Movimento Perpétuo Associativo», «Fado Toninho» e «Fon fon fon», «Eu tenho um melro», entre outras como «Contado ninguém acredita», «Canção ao lado», «Garçonete da casa de fado» (que se pode ouvir aqui). Mas como choveu de manhã, a organização teve medo de fazer o concerto no auditório exterior e meteu tudo no interior. O teatro encheu e já não tivemos bilhete. Rumámos então à Régua para ver o fogo de artifício da festa da Senhora do Socorro (segunda noite de fogo), e conversar com a Joana. A noite acabou com duas tererés (não em mim, claro) e gelados daqueles feitos na hora de morango e baunilha...


Entretanto um artigo meu vai ser publicado - será o primeiro, sobre Pepetela, numa revista brasileira. Seguem-se outros, que isto agora ninguém me pára...
Apenas me pára a mousse de chocolate branco com pepitas de chocolate de leite que me espera daqui a pouco ;)

segunda-feira, agosto 04, 2008

Tormes 2008


Voltar a Tormes foi reencontrar os espaços de dois anos seguidos, com um de intervalo para este. e reencontrar as pesoas e as memórias - das que lá se reviram e das que se encontram noutros espaços, com outras pessoas.

20 de julho - fui cedo para a Ermida. Na estação conheci o Muamba (Angola, Univ. de Lisboa) e ao chegar ao meu quarto deste ano (piso de baixo da Casa do Túnel) conheci o Fábio (Brasil, Univ. de Évora), com quem partilhei o espaço. Um quarto com duas camas, vista para a linha de comboio e para a casa principal da Quinta. Conversei muito com o Fábio, na esplanada, sobre literatura, sobretudo, e também sobre Florbela Espanca (objecto da dissertação dele - e eu, para espicaçar e ser do contra - dizia que ela não era propriamente literatura, mas enfim). Ao jantar foram-se conhecendo mais pessoas, muitas. E no dia seguinte, outras: o Manuel, que se revelou um excelento leitor, a Tina (Madeira) mulher de força, a Helena (Porto, a ser orientada pela minha madrinha de curso) minha «esposinha», já que é a Rosinha de A Ilustre Casa de Ramires e eu sou o Gonçalo Ramires - brincadeira de atribuir nomes das personagens do Eça a alguns dos participantes, a Tânia (Porto) com quem falei de várias coisas, a Aldinida (Brasil) amigona já do ano de 2006, a fazer «doutorado» sobre Inês de Castro nos romances contemporâneos, o David (Salamanca), a Joana (Barcelona - a estudar lá...), a Flávia (Timor, Univ. Porto), a Paula (Coimbra - e conhece a minha aldeia porque tem lá família!), a Michelle (Brasil) e a sua história verídica do rato, a Andreia (Brasil), a Carolina (Brasil) com quem muito conversei sobre tudo e nada, e outros, muitos...

21 de julho - Após uma noite terrível em que não preguei olho por causa da infiltração que estava a cair em cima da minha cama, do calor e do ressonar do Fábio, tomamos o pequeno-almoço habitual e fomos para a Fundação. Início das sessões com Isabel Pires de Lima (Univ. Porto), seguida de Monica Figueiredo (Brasil, Univ. Federal do Rio de Janeiro) e Ana Luísa Vilela (Univ. Évora). Sobre o tema apelativo: «Mulheres: sedução e desejo». Cada uma com o seu estilo próprio, todas com muitas coisas interessantes a partilhar. Isabel Pires de Lima fez uma contextualização, biografia, bibliografia, a professora Monica Figueiredo falou de «O século XIX ainda não terminou» e a professora Ana Luísa Vilela falou de alguns aspectos ideológicos das mulheres n'Os Maias. Depois do curso, tempo livre na Ermida, para piscina, novas conversas, novos contactos.

22 de julho - Após nova noite sem dormir, agora por causa só da sinfonia vocal/nasal do Fábio, o dia começou com Isabel Pires de Lima a terminar questões do dia anterior, Ana Luísa Vilela falou de mulheres como Maria Monforte, Miss Sara, Raquel Cohen e afins, Monica Figueiredo explorou as mulheres de O Crime do Padre Amaro. Depois tivemos a visita à casa-museu da Fundação, tuo explicadinho pela Drª Sandra, e à noite jantámos na Fundação, com uma recriação do século XIX e o famoso arroz de favas, a canja, a galinha assada e o assombroso leite-creme. Durante o jantar houve ainda uma encenação feita pela Filandorra da chegada de Jacinto e seu amigo a Tormes, a partir de A Cidade e as Serras. A minha mesa estava muito (demasiado?) animada: histórias muito engraçadas iluminaram o jantar mais intensamente do que os candeeiros a petróleo!

23 de julho - Após uam noie curta, mas bem dormida, já que usei o «anti-fábio» (assim apelidado pela Paula), ou seja, uns tampões que a Carolina me deu para eu conseguir dormir, estudámos o Eros e a Ausência n'Os Maias com a professora Ana Luísa, o desejo no conto »Singularidades de Uma Rapariga Loura» e em O Crime do Padre Amaro e respectivas ilustrações feitas por Paula Rego, com a professora Isabel Pires de Lima, e a professora Monica falou-nos de O Primo Basílio e A Ilustre Casa de Ramires. Passeio para ver o cemitério onde estão sepultados os restos mortais de Eça de Queirós e jantar no Casarão, após muitas voltas que afectaram alguns de nós; lá houve a surpresa do costume: o trio a tocar acordeão, ferrinhos e tambor. Foi fraca a recepção. Alguns (eu incluído) ainda esboçaram um comboio, mas sem adesão dos outros. Leitura colectiva do conto «José Matias», em voz alta, ao ar livre, nos bancos da quinta, à noitinha.

24 de julho - Problemas de sono resolvidos (ou quase). Isabel Pires de Lima termina o conto e aborda um outro, «No Moinho». Ana Luísa Vilela avança e termina com Maria Eduarda e com «A Gramática Erótica d'Os Maias». Seguiu-se uma visita a Resende para ver o mosteiro de Sanat Maria de Cárquere, mas fomos também a Ancede ver um mosteiro que está a ser recuperado. À noite tivemos um beberete na eira da Fundação, seguido de um concerto com peças de Offenbach pela Orquestra do Norte, dirigida por José Ferreira Lobo e com a prticipação da soprano Delphine Doriola e do violoncelista Yoel Cantori. Foi muito bom e concorrido, apesar do frio... A deusa apareceu deslumbrante nessa noite, no seu vestido roxo... falo de uma senhora de Évora...

25 de julho - Dia chuvoso após a noitada (ou quase, já que para mim foi só até à 1h20). mais cedo, para termos tudo controlado, fomos trabalhar com a professora Monica Figueiredo as personagens d' Os Maias,e depois a professora Isabel Pires de Lima terminou «No Moinho» e trabalhou o «José Matias». Diplomas entregues, almoço desfeito, partimos para a estação de comboio, uns na direcção do Porto, eu nna direcção da Régua... Ficam novas experiências, conhecimentos, amizades, colegas... E continua a valer a pena cá voltar!

Lista de frases/provérbios e outras coisas dignas de registo:

«Onde Judas perdeu as botas» Aldinida, sabedoria popular

«Fortemente elegante» Tina, para o Fábio se auto-caracterizar

«Excessos de fofura» Aldinida, sobre banhitas que se acumulam na barriga

«Onde o vento faz a curva» Carolina, sabedoria popular

«És mesmo do contra» Fábio, sobre mim

«Da hora, mano» Carolina, com os dois polegares levantados e ostensivos

«Deixa estar, o veterinário mandou não contrariar» Aldinida, sabedoria popular

«Fazer um chá» Aldinida (não ouso traduzir esta expressão, é demasiado sexual para o conteúdo deste blogue

sexta-feira, agosto 01, 2008

Músicas (com a A. Verde)

E eis senão quando se encontram mais coisas perdidas dos saudosos tempos de EP. Três canções, escritas com a A. Verde. Uma outra já aqui foi postada. Dos mesmos tais cadernos especiais...


Underneath your Latin (Meta-se aqui a Shakira, A. P. Quin.)

Tu és uma canção
Escrita pelas mãos do tempo
És romana, alçapão
Do nosso alento
Mas tu vais-te embora
Vai-te com o vento
Só falta uma hora
P’ro fim do tormento!

Refrão:
Debaixo do latim
Está toda a fonética
Coitado de mim
Já nem tenho ética.
Prefiro ir para o jardim
Ou p’ra cadeira eléctrica.

*****

Jura (Rui Veloso, Fr. Tp.)

Jura que me vais dar positiva
Dessas que ficam bem na vitrina
E nos dão alta média
Para compensar as outras
Que, por acaso,
São fracas.

Jura se me deres negativa
Vai ser alta e bonita
Vais levar-me à oral
Vais passar-me no final
Com uma nota qualquer
Acima de treze
O sonho de nota a ter.

Jura que me vais passar
Se eu os textos estudar
Jura (…)

Mas se tiver de ser
Ao menos passa-nos em Setembro!

****

Educação e Cidadania (Rui Veloso, Fr. Eva.)


Quem vem a Educação
Sofre do coração
Leva a cidadania
Mata-nos logo a alegria.
Quem nos vê a estudar
Começa logo a chorar,
Chama o INEM depressa
Antes que o corpo arrefeça.

E é sempre um sofrimento
Estas aulas de tormento
E ver-te a falar tão baixinho
Acaba a aula mais cedinho.