quinta-feira, abril 27, 2006

santiago


houve quem tivesse ido. eu não. fiquei em poiares a preparar aulas que depois correram mal. mas já me ofereceram uma caneca e mandaram-me fotos. esta é uma das fotos do chão que eu não pisei, a chuva que não me molhou, dos reflexos que não presenciei. mas vejo-os, e são tão bonitos...

Dois poemas recentes


Imitação da Felicidade I

Imito-te
como as aves ao vento.

26/04/06


Imitação da Felicidade II

Imito-te
como as cúpulas ao sol.

Porém
as torres só se vêem no chão quando chove.

E a imitação
é triste porque existe a noite.

27/04/06

quarta-feira, abril 26, 2006

Reflexos


Só porque sim. e porque é bonito.

Conselho de Nicamor Parra (Chile)

JOVENS
Escrevam o que queiram.
No estilo que lhes pareça melhor.
Passou demasiado sangue sob as pontes
para continuar-se a crer
que possa seguir-se um só caminho.

Em poesia tudo é permitido.

Com a condição expressa
é evidente
de superar-se o papel em branco.

quarta-feira, abril 19, 2006

candidatura e ensino

a minha candidatura foi invalidada, que loucura!
tudo porque supostamente já tenho "qualificações próprias" e por isso tinha de concorrer já certinho, com escolas e tudo. ora, como o tipo de candidato nãos e pode mudar no melhoramento de candidaturas, estou excluído!
que pena, eu que gostava tanto de dar aulas a criancinhas!;)
tenho mesmo de rever a minha vida, e não é por causa do concurso, claro. o que fazer? não sou suficientemente bom para viver da escrita (quase inexistente, neste momento) nem há hipóteses de investigação a sério... por muito que as literaturas lusófonas chamem por mim, há o jornalismo como possível escapatória, ou não...
uma coisa é certa, ser professor de português, mesmo de secundário, está fora de questão, não é o que quero fazer na minha vida futura. repetir as mesmas coisas, muitas das quais em que nem sequer acredito, usar as estratégias de sempre que nem sempre são adequadas, eficazes ou pertinentes... e depois, ter de fechar todas as portas, aliás, só se podem abrir e fechar portas sucessivamente (e nunca abrir mais do que uma), rotular tudo, encaixotar tudo em esquemas e conceitos que só podem ser aqueles, e ser-se rigoroso na interpretação de textos, não podendo deixar abertas as hipóteses dos alunos (como, se o texto literário é a construção infinita de sentidos e possibilidades?), coitados, que nem raciocinam e só têm de desenhar um círculo no V ou no F ou escolher uma resposta entre três possíveis...
e porque de facto o ensino do português é uma treta pegada (e isso vejo da minha experiência de observador de aulas e de aprendiz de alguma coisa, de vez em quando) não quero fazer parte de uma classe estupidificante como esta. claro que há excepções, mas não as conheço nem trabalham comigo.
e mesmo que quisesse ser diferente, fazer (não no ano de estágio, claro) aquilo que acho necessário fazer, não poderia: não sei fazer como elas querem, já não sei fazer à minha maneira...
é por isso que este ano a minha vida tem de tomar um rumo orientador. vou concorrer a vários colégios privados e fazer um mestrado. de preferência, gostava de ficar no colégio de minha aldeia. para fazer a experiência de efectivamente ter turmas, alunos com quem trabalhar num projecto coerente e constante, sem cortes abruptos pela constante mudança de professores, de forma sequenciada e globalizante.
e se, no final de tudo, a coisa não resultar, a experiência tem de ser ou noutro campo ou noutro país.
dói descobrir agora que por vezes os sonhos são tão estúpidos como a vida.

inquérito

Um colega meu pediu-me para responder a este inquérito...

1 - Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?

Cem Anos de Solidão. Porque além de ser potente e uma verdadeira obra-prima (entre outras que já li e que se calhar até gostei mais do que deste livro), sempre durava pelo menos Cem anos ou ainda, quem sabe, por relação de homofonia, pudesse ser Sem anos (o que pode ser perto da morte mas também da eternidade). Ou A Bíblia.

2 - Já alguma vez ficaste apanhado por uma personagem de ficção?

apanhado, tipo… Georgina das Viagens (a abnegação!!!), o desejo de ter o carisma sedutor de Oblonski (Ana Karenina). E o que dizer de grandes personagens femininas como Blimunda, Madame Bovary, ou masculinas como Gonçalo Ramires (A Ilustre Casa de Ramires) ou Marc (A Identidade) Tantas… às vezes…

3 - Qual foi o último livro que compraste?

O Mundo dos Outros, José Gomes ferreira

4 - Qual o último que leste?

Férias da Páscoa abençoadas porque me permitem ler sem parar (muito): acabei de ler Enciclopédia dos Mortos de Danilo Kis, li Aventuras de João Sem Medo de José Gomes Ferreira, Nação Crioula de Agualusa, Era Bom Que Trocássemos Umas Ideias Sobre o Assunto de Mário de Carvalho.

5 - Que livros estás a ler?

Acabei hoje de manhã A Ilustre Casa de Ramires, Eça de Queirós. vou recomeçar a Obra Completa de António Gedeão.

6 - Que 5 livros levarias para uma ilha deserta?

Com a falta de tempo que marca os meus livros (ou melhor, a leitura para eles…) levava coisas ainda não lidas. E porque estaria num espaço deserto (não sei por quanto tempo, mas pronto), e só poderiam ser cinco, seriam coisas “granditas”:
(i) Ulisses, James Joyce (é preciso ter coragem);
(ii) A Bílbia (ah pois é!);
(iii) Tristan Shandy, Lawrence Sterne (primeiro é preciso comprá-lo…);
(iv) Onde Vais Drama-Poesia, Gabriela Lhansol
(v) Todos os Poemas de Ruy Belo (sei lá eu quando vou pegar nela…).

7- A que 3 pessoas vais passar este testemunho?

Su, To, Milai