segunda-feira, outubro 24, 2005

Notas de um estagiário de Português, para os outros estagiários seus colegas, amigos e simpatizantes.

Primeiro: isto não segue uma estrutra lógica ou organizada. É assim que o estágio nos deixa, às vezes. Isto é uma espécie de texto-coisa meio híbrido, sem planemamento nem revisão – ou seja, o oposto daquilo que ensinamos e defendemos como essencial nos trabalhos dos nossos alunos.


Segundo: estágio, nestes moldes actuais (2005/2006) é um grande pónei (vá, façam o gesto a acompanhar a expressão). Para já. Não há informações de parte nenhuma e cada orientador vai fazendo como quer, apalpando às escuras. E isto é como o sexo: há bons e maus guias de exploração do terreno. Só uma coisa é certa: não há remuneração nem subsídios para ninguém...

Terceiro: os colegas do núcleo foram, obviamente, escolhidos unanimamente de entre 21 candidatos ao lugar de parceiros de mim para o pseudo-trabalho...

Quarto: a escola é problemática, tem alunos difíceis, com dificuldades e necessidades óbvias. Mas há de tudo, como em todas as escolas. Mas é necessário destacar a nossa turma do sétimo ano onde todos os problemas se conjugam: não sabem ler, nem escrever, nem portar-se na sala,... de brinco na orelha, de boné – de um lado, ou umas peixeiras do outro lado, com a mania que sabem muito daquilo... e a média da idade ronda os catorze-quinze anos... (!)

Quinto: o trabalho, para já, tem sido do pior – mas já começa a ser reconhecido. Grande liberdade em relação ao sétimo ano, o que se traduz em criatividade, originalidade... mais trabalho. Sim, era muito mais fácil escolher os textos já sugeridos pelo programa e pronto...

Sexto: a gaivota entra pela janela. Mas também o gato. E as pombas. Meu Deus, parece um jardim zoológico, em que não faltam os camelos e os burros ;) Perto do mar é normal que tudo tenha uma outra vida – e o seu encanto especial.

Sétimo: reuniões estranhas, grandes palhaçadas. Mas salva-se a orientadora: tem jeito para a coisa (palavra que não deve ser usada, demasiado imprecisa e vaga, já dizia a nossa querida I.M.Du.).

Oitavo: e só não escrevo uma carta de expectativas porque há coisas mais importantes para fazer, tipo, discutir exercícios para explicar a diferença entre há e à (com acento grave, claro).

Nono: bem-vindos ao pior ano das nossas vidas. Ou talvez não...


(escrito na segunda semana de estágio...)

1 comentário:

gimane disse...

5 ESTRELAS...tás a fikar um perito em relatórios/diários (sei lá..) de estágio/bordo..Sim porque estar neste estágio, é fazer diário de bordo..sempre tendo cm horizonte, o naufragio do navio..
Navio bonito que nós temos: a escola secundaria da Boa Nova..jardim zoológico é pouco..akilo é o inferno da bicharada (gaivotas, pombas, gatos..onde me fui meter?!)
Adorei o teu post ;) k engraçado, sinto exactamente a mesma coisa..coincidencias..n é?!
(comentário escrito ao fim de 2 MESES d estágio)