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Em todos os portos do mundo
há sempre um velho marinheiro olhando olhando
íris esbranquiçada do sal do mar.
Em todos os portos há sempre um velho marinheiro olhando
e perscrutando o que as ondas segredam.
Que sobre as onsas do largo mar não há mais Paz
porque as tinge o sangue de corpos estilhaçados
corpos por minas despedaçados
retesados e hirtos e inchados
boiando sobre as ondas num sonho de Paz...
E velhos marinheiros ouvem águas murmurar
a elegia dos gemidos de jovens marinheiros...
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Luso leixa mais de ouvir
Profecias de bandarras.
Em areais dos quibir
Fados de morte ou fugir
Soluçam sempre guitarras.
Dom sebastião primeiro
Não esperes pobre e nu.
Neste país marinheiro
Povo sai do nevoeiro
O desejado é só tu.
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O guardador de pombas
Livra-as pela tardinha
E voam e revoam
Circulos espirais
Ruflam céleres
E tornam e retornam
Graves ao pôr do sol
Retombam nos pombais
Por fios de assobios
Ó guardador de pombas
Arquimedes da Silva Santos, Cantos Cativos, Porto: Campo das Letras, 2003, p.17, 146, 161
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