Tinha orgulho no seu jardim. Havia nele flores de várias espécies, recolhidas por várias gerações de que se sentia a herdeira espiritual. Tratava dele como se fossem filhos que não podia ter e conversava com elas como se houvesse resposta às coisas que lhes dizia. Quando uma planta morria, sepultava-a debaixo de outras, como que a perpetuá-la nelas, de modo a que nunca se faltassem. Eram lindas e toda a gente as elogiava na variedade, nas cores, no perfume, na perfeição. Um dia, acordou e viu que a cada um dos amores-perfeitos faltava uma pétala. Sorriu de ironia, a seguir apeteceu-lhe chorar, mas não o fez. Fechou a janela para não se ver e cismou para não emurchecer.
sábado, maio 02, 2009
III. 5. Amores imperfeitos
Tinha orgulho no seu jardim. Havia nele flores de várias espécies, recolhidas por várias gerações de que se sentia a herdeira espiritual. Tratava dele como se fossem filhos que não podia ter e conversava com elas como se houvesse resposta às coisas que lhes dizia. Quando uma planta morria, sepultava-a debaixo de outras, como que a perpetuá-la nelas, de modo a que nunca se faltassem. Eram lindas e toda a gente as elogiava na variedade, nas cores, no perfume, na perfeição. Um dia, acordou e viu que a cada um dos amores-perfeitos faltava uma pétala. Sorriu de ironia, a seguir apeteceu-lhe chorar, mas não o fez. Fechou a janela para não se ver e cismou para não emurchecer.
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