Desapareceu de sua casa era quinta-feira
E não voltou a ser visto no seu andar vistoso.
Vestia calças de ganga e camisola amarela com uma bandeira
Pouco cabelo, olhos do tamanho das varandas
De onde via o mundo em movimento.
Desapareceu de seus pais, de sua vida
Perante o olhar indiferente dos outros.
Esperou-se o tempo necessário e nada.
Rapto, fuga, acidente, morte sem aviso prévio,
Como quase todas as mortes que nos ceifam da vida
Que amamos acima da nossa própria…
Desapareceu de sua vida própria, mesmo que vivo,
Tendo talvez uma outra vida não planeada com o mesmo amor
Mas ainda assim uma vida, um outro ser.
Desapareceu e suas coisas são lembranças
Que não se podem apagar nem arrumar numa caixa.
Desapareceu e pode andar por aí.
Desapareceu.
Desapareceram com o tempo e os anos as esperanças
Nem sempre as últimas a morrerem.
Perdidos na sua casa, nas suas coisas,
Os pais falam às coisas e ensinam a lição às paredes,
Às vezes, embalam almofadas e fazem cócegas aos livros…
Quando dão por si, estão incapacitados para amar
E indisponíveis para a vida futura.
Também eles desaparecerão, gritando de raiva.
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