quinta-feira, setembro 25, 2008

Vera Vouga

Diz-me a Natacha num comentário ao post anterior que morreu uma das professoras na nossa faculdade de letras do porto, depois do Américo Santos (com minúsculas propositadamente). Investigo mais. É verdade, claro, mas para ver se há muito eco do assunto: há algum, mas eu não sabia.

Vera Vouga não foi minha professora, mas foi de colegas e amigos que falavam dela, de vez em quando. E de como ela trabalhava os textos, a poesia. E era impossível não reparar nela nos corredores. Lembro-me sobretudo de uma noite de poesia, organizada pela AEFLUP, na qual leu alguns poemas de Daniel Faria. E gostei.

Escreveu sobretudo sobre poesia: António Nobre, Rui Costa, Boémia Nova e Os Insubmissos, Eugénio de Castro, do qual publicou obras na colecção Obras Clássicas da Literatura Portuguesa. Escreveu sobre, organizou o volume da poesia completa e ajudou a divulgar a obra de Daniel Faria, de quem foi professora. Mais informações sobre a sua carreira aqui.


Sobre ela, escreveu Jorge Reis-Sá um breve, mas notável, post.

Deixo eu também, como nos comentários que vi por aí, um poema de Daniel Faria. Já o coloquei aqui uma vez, fica novamente:

Explicação da Ausência

Desde que nos deixaste o tempo nunca mais se transformou
Não rodou mais para a festa não irrompeu
Em labareda ou nuvem no coração de ninguém.
A mudança fez-se vazio repetido
E o a vir a mesma afirmação da falta.
Depois o tempo nunca mais se abeirou da promessa
Nem se cumpriu
E a espera é não acontecer – fosse abertura –
E a saudade é tudo ser igual.

4 comentários:

paulo disse...

não a conheci, se bem que o nome não me é estranho. a sensação de quando parte alguém assim grande e que nos tocou é a do arrepio. e a certeza de que um dia teremos a mesma sorte. o poema é fantástico: "a mudança fez-se vario repetido"! ah, pois é!

abraço

SP disse...

É por isso que "Depois o tempo nunca mais se abeirou da promessa"...

abraço!

Anónimo disse...

Foi minha professora de Estudos literários e chocou-me muito saber que tinha partido. Era, de facto, uma pessoa única, que tinha uma visão muito especial da poesia...Nunca esquecerei as suas aulas!

Anónimo disse...

Foi minha professora. Além da competência, tinha uma simpatia genuína e uma aptência especial para motivar os alunoss.
Dava as aulas com alma e sorrisos.

Fiquei muito triste com a sua morte.


maria isabel fidalgo