segunda-feira, novembro 24, 2008

Antes de Começar, Almada Negreiros


«O Boneco: Deixa estar calado o meu coração!...
A Boneca: Dá-me a tua mão!... que eu saiba da tua mão... Que as tuas mãos não sejam as minhas!... que sejam outras mãos como as minhas... As minhas mãos não me bastam... faltam-me outras mãos como as minhas!
O Boneco: É assim que bate o coração...
A Boneca: Dá-me a tua mão!... que os nosso corações sejam a repetição um do outro como é justo!... que as tuas mãos me tragam destas, me tragam paz... paz que se ganha!... (Pausa.) Dá-me as tuas palavras!... essas que tu guardas... essas palavras que não morrem, nem se matam!... essas que lembram o mar... o mar que nunca pára... o mar que não se cansa... o mar que insiste... o mar que não se gasta.
O Boneco: Cala-te coração! Deixa ouvir o mar...
A Boneca: Tu também viste o mar?
O Boneco: O mar foi feito por nossa causa!...
A Boneca: Ah!... É assim, juro-te, exactamente assim o mar... Oh! como tu o viste bem! Dá-me a tua mão p'ra ser tão grande o silêncio... (Pausa.) O mar!... não acaba nunca o mar!...
O Boneco: O mar começa sempre...
A Boneca: É como o coração dentro de mim!... E nunca sai do peito o coração!
O Boneco: Pode mudar-se o coração?...»

7 comentários:

Anónimo disse...

Creio que sim. Mas vá lá esforço supremo...E sem garantia de resultado positivo...

tulisses disse...

ora...

Purple_Jo disse...

Absolutamente fantástico...Perante tais palavras, ficamos sem as nossas...Que mais dizer se não o que aqui transcreves?

Por momentos lembrei-me da letra de uma música de Pedro Abrunhosa (não que goste da capacidade vocal do senhor, mas vá lá...). "Eu não sei quem te perdeu". Começa assim: "Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
«Nao partas nunca mais»" (...)

********

Purple_Jo disse...

Absolutamente fantástico...Perante tais palavras, ficamos sem as nossas...Que mais dizer se não o que aqui transcreves?

Por momentos lembrei-me da letra de uma música de Pedro Abrunhosa (não que goste da capacidade vocal do senhor, mas vá lá...). "Eu não sei quem te perdeu". Começa assim: "Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
«Nao partas nunca mais»" (...)

********

tulisses disse...

muito bem lembrado. também não é que foste da "capacidade verbal", mas a música é muito bonita.

bjs

Anónimo disse...

Meu amigo Fabio (que cá está ao pé de mim a ler teu blogue e não quer que eu fale em português pseudo-lusitano) diz que apreciou muito a peça e te manda um olá
just me

tulisses disse...

copy paste, minha amiga.

eu mesmo, então.
bjs