A solidão estava
aqui sobre esta praia
aqui sobre esta praia
a solidão ainda
usa estar e nascer
na areia e na água
nestes dias de agosto
na rotina de outubro
de setembro no choro
que pode vir do sol
demasiado quente
de toda a alegria
que a luz tem neste tempo
A solidão ardia
nas páginas dos livros
e arde com um fogo
demasiado vivo
Assim se espera sobre
a areia da praia
um fogo diferente
da rotina e da água
Assim se espera um fogo
diferente da prosa
assim se espera um fogo
assim se espera a morte
Assim se espera o fogo
com a vida aprendido
assim se espera um fogo
assim se espera a vida
****
As vezes despedimo-nos tão cedo
que nem lágrimas há que nos suportem o
peso da voz à solidão exposta
ou
de lisboa no corpo o peso triste
Às vezes é tão cedo que nos vemos
omitidos
enquanto expõe
o peso insuportável do amor
a despedida
É tão cedo por vezes que lisboa
estende sobre os corpos o desgosto
Com os dedos no crânio despedimo-nos
Gastão Cruz, Os Nomes (1961-1974), p.105-6, 190
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