sexta-feira, junho 17, 2011

Os resistentes - o 12.ºD



ou: de como são importantes as aulas de Português

ou ainda: como se faz um texto com fragmentos de alguns textos lidos mais umas sentimentalidades



Todos somos chamados, pelo menos uma vez, a desempenhar um papel que nos supera. É nesse momento que justificamos o resto da vida, perdida no desempenho de pequenos papéis indignos do que somos (FL,89). Por isso escrevo em meio (12,32) de palavras de outros e minhas, agora que é a hora (12,159)!

         Tanto de meu estado me acho incerto (10,191), turma primeira de três anos, em que os resistentes a tudo tão bem e tanto cresceram, que meu coração e os lábios disseram em uníssono (10, 48): a memória é um espelho velho, com falhas no estanho e sombras paradas (10, 159), mas sei que o desgaste será lento e esse comboio de corda que se chama coração (12,30) não me fará esquecer-vos.

Para vos dizer, seriam precisas sagradas palavras e essas não cabem em nossas humanas vozes (10,303): Vos estis sal terrae (11,88). A loucura de alguns, a paixão de outros, a indiferença de alguns tolinhos pela arte das palavras, pelas alusões frequentes a esse desgraçado rei D. Sebastião (11, 133), e outras atitudes e caraterísticas que não vale ou não merece agora a pena referir, ensinaram-me a olhar a cada momento para a eterna novidade do mundo (12,58). Se eu não morresse, nunca! E eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas! (11,273) talvez tudo pudesse ter sido melhor, mais intenso…

Se pouco eu vos ensinei, espero que pelo menos vos fique/surja o carinho pelos livros, pela poesia, porque os livros trazem tantas vidas e tantos conselhos como a vida em si, se vivermos e lermos, quantas vidas teremos vivido? O mito é o nada que é tudo (12,129) dizia o nosso poeta, e mesmo no crepúsculo dos dias de hoje felizmente há luar! (FL,140), por isso, e se Ser descontente é ser homem (12,157), continuemos na busca do Caminho da virtude, alto e fragoso (12,145), para que façam saber-se no mundo que ainda há um português em Portugal (11,144) – ou catorze! Não iremos dar-nos por satisfeitos (11,103) com o que já alcançámos. Não se esqueçam, e sejamos um poucos deuses [sei que sei, não sei como sei (MC,73)], do Deus quer, o homem sonha, a obra nasce (12,139) – o «Todo Pessoa» lá nasceu!

Depois pensemos, crianças adultas, que (12,74) tudo vale a pena (12,150), mesmo Cada hora a mais que gasta no caminho (10,253) que incomoda como andar à chuva (12,53): saibamos aproveitar não só os fins, mas também os meios; saibamos dizer Se tivesse de recomeçar a vida, recomeçava-a com os mesmos erros e paixões. Não me arrependo, nunca me arrependi (10,174); que cada um saiba ser rei de si próprio (12,73).

         Uma superfície branca é como um dia que quer romper (10,135), por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco (10,250), novos alunos me virão, novos professores vos encontrarão, pois muito há a fazer, sempre. Chegou a hora (11,102) e digo-vos mais uma vez: olharem-se era a casa de ambos (MC,149), que também serei uma casa quando me precisarem, como sempre.



Receita: Para ser grande, sê inteiro: nada / teu exagera ou exclui. / Sê todo em cada coisa. / Põe quanto és no mínimo que fazes (12,81).


3 comentários:

Anónimo disse...

Muito Obrigado Professor Aires! pelo esforço que evidenciou ao longo destes três anos em querer ensinar-nos da melhor forma que conseguia, principalmente, a literatura portuguesa. Posso dizer- -lhe que a minha impressão relativamente a si foi melhorando progressivamente ao longo desta temporada.
É assim que em forma de despedida me despeço do stor e lhe desejo as melhores felicidades!

André Morais ;D

Anónimo disse...

Muito obrigado pelo texto.
Também quero aqui aproveitar para agradecer pela pessoa e professor que revelou ser ao longo destes três anos, tendo estado sempre presente e disposto a nos ajudar sempre que necessário.
Assim me despeço com um grande abraço, desejando-lhe as maiores felicidades a nivel pessoal e profissional!

Mário

tulisses disse...

obrigado, André, também tu fizeste um tremendo esforço para ires melhorando na minha disciplina e gostei muito de ter como aluno. Que tudo te corra pelo melhor!


Mário, gostaria de ter estado mais, de ter sido mais, mas tu não deixaste, mauzinho-que-és-sempre-distraído. Espero que consigas alcançar os teus objetivos e sonhos!

Abraço para o dois